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Sundar Pichai (Google), Mark Zuckerberg (Facebook) e Jack Dorsey (Twitter) testemunharam diante do Senado americano.
Sundar Pichai (Google), Mark Zuckerberg (Facebook) e Jack Dorsey (Twitter) testemunharam diante do Senado americano.| Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS, Jim WATSON, Fabrice COFFRINI / AFP

Cecilia Kang é uma jornalista que, há 15 anos, cobre temas ligados à tecnologia, com ênfase em negócios e assuntos regulatórios. Desde 2015 escreve para o New York Times, tendo trabalhado antes para o Washington Post, os dois maiores jornais americanos. Em recente entrevista, explicou as razões pelas quais a opinião pública e os dois principais partidos políticos dos Estados Unidos têm visto de forma muito positiva a ação que o Departamento de Justiça está movendo contra o Google, acusando a empresa de práticas ilegais, que atentam contra a livre concorrência.

Segundo ela, já no governo Obama a população começou a se sentir desconfortável em função da influência das grandes empresas de tecnologia, as big techs, no processo de troca de ideias, entretenimento, propaganda etc. Também incomodava a explosiva valorização dessas empresas e os altíssimos salários pagos a seus executivos numa época em que a economia do país se achava estagnada, com desemprego em alta. Mas o desconforto aumentou na eleição de 2016, quando vieram a público informações de que o governo russo usava ferramentas como Facebook, YouTube, Twitter e Instagram para gerar desinformação e tumultuar o processo eleitoral.

Isso se soma à tradicional desconfiança que os americanos nutrem pelas grandes corporações: Apple, Google, Amazon e Facebook valem nas bolsas mais de US$ 5 trilhões, e a Amazon é um dos maiores empregadores dos Estados Unidos. Essas companhias não conseguem passar desapercebidas.

Mesmo os republicanos, que sempre se apresentaram como paladinos da livre iniciativa e atividade econômica, apoiam a ação, talvez porque diz-se que as big techs têm adotado sistematicamente posições contrárias às suas. Kang não acredita que isso tenha acontecido, mas o que parece é que os políticos desse partido sentiram o que o grande público pensa a respeito e se deram conta do tamanho do poder dessas empresas, que podem destruir quem a elas se opuser.

Já o apoio dos democratas parece mais natural, pois ideologicamente tendem a se opor às grandes corporações. Assim, não se acredita que uma eventual vitória de Joe Biden nas próximas eleições possa significar o fim da ação interposta pelo governo de seu grande adversário, Donald Trump.

E deve vir mais por aí: Cecília Kang disse em artigo recente que a Federal Trade Commission provavelmente vai entrar com mais uma ação semelhante, desta vez contra o Facebook.

Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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