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Aumento do IOF: chega de castigar quem produz

O governo federal anuncia aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o congelamento de 31,3 bilhões no Orçamento. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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A recente decisão do governo federal de aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) escancara, mais uma vez, o desprezo pelas engrenagens que movem a economia brasileira: o setor produtivo. 

É inadmissível que, diante de uma crise fiscal anunciada, o caminho escolhido seja o mais fácil — e o mais injusto. O empresariado brasileiro, já sobrecarregado, é novamente chamado a pagar a conta de um Estado inchado, ineficiente e perdulário.

Enquanto outras nações adotam políticas de austeridade e incentivo ao investimento, o Brasil rema na contramão. Ao encarecer o crédito com o aumento do IOF, gerar instabilidade cambial e alimentar a insegurança jurídica, o governo ergue barreiras que afastam o investimento, dificultam a geração de empregos e penalizam quem decide empreender.

A conta simplesmente não fecha. E a paciência está se esgotando. A plataforma Gasto Brasil mostra que os gastos somados das esferas federal, estadual e municipal já ultrapassam R$ 2 trilhões. Em contrapartida, o impostômetro exibe uma arrecadação de R$ 1,5 trilhão. 

A diferença escancara o problema: o desequilíbrio não está na arrecadação, mas na gastança

A estimativa de arrecadar mais R$ 20,5 bilhões com o aumento do IOF neste ano não passa de uma medida paliativa, quase desesperada, que escapa do enfrentamento real da crise fiscal — a necessidade urgente de reduzir despesas, cortar privilégios e rever o tamanho do Estado. 

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Quem pagará essa conta? O empresário, principalmente o da pequena e média empresa, que mais depende de crédito. O trabalhador. O consumidor. Em outras palavras, o Brasil real.

Não aceitaremos em silêncio mais um ataque disfarçado de “ajuste”. Não é com mais impostos que salvaremos as contas públicas, e sim com coragem para reformar, para cortar desperdícios e para respeitar quem produz. Ou enfrentamos esse desafio de frente, ou estaremos condenados a conviver com juros altos, inflação persistente e desemprego estrutural.

O Brasil precisa de liberdade econômica para prosperar — e não de mais tributos para afundar. O Congresso tem a responsabilidade de impedir que essa medida de aumento do IOF avance. Precisamos de um Estado mais enxuto, um governo mais eficiente e um ambiente em que o empreendedor não seja punido, mas fortalecido.

É hora de dizer basta. Chega de castigar quem investe, quem emprega e quem carrega o país nas costas.

Alfredo Cotait é presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).

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