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Um dos principais epicentros da Covid-19 na China é a região de Xangai, um dos principais polos econômicos do país| Foto: Alex Plavevski/EFE

Quando o mundo parecia caminhar para o retorno da normalidade, o governo chinês impôs medidas drásticas e autoritárias sobre Xangai, determinando um novo lockdown aos quase 30 milhões de moradores da província chinesa. Também há restrições em Pequim, capital do país com mais de 20 milhões de moradores.

A política do Covid Zero do Estado chinês não tem surtido efeito, somente o de impor restrições à população. As medidas adotadas, pelas autoridades chinesas, de isolamento e desinfetar áreas já não são mais recomendadas, pois não tem comprovação de eficácia.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse, em maio, que não achava que a estratégia chinesa pudesse ser sustentada em longo prazo, considerando o comportamento do vírus atual e o que se pode esperar para o futuro. Essas manifestações foram censuradas nas redes sociais chinesas.

As imagens divulgadas nas redes sociais são aterrorizantes, pessoas colocadas em quarentenas mesmo testando negativo, toques de recolher, silêncio obrigatório, robôs fiscalizando as ruas, cenas de filmes de terror. Isso tudo tem gerado muita insatisfação na população que tem reclamado dos novos lockdowns, como temos visto em muitos vídeos.

Uma brasileira que vive em Xangai disse estar trancada, com seus três cachorros, em seu apartamento há mais de 40 dias. Até a primeira semana de maio, a brasileira podia dar passeios rápidos com seus animais no condomínio. Porém, depois, os moradores foram informados que ninguém pode sair dos apartamentos, pois o prédio está em alerta vermelho para a Covid. Neste momento, os moradores podem apenas abrir as portas de suas casas para pegarem alimentos e produtos de higiene enviados pelo governo, e colocarem o lixo para fora.

Diante disso ficam alguns questionamentos. Será que, de fato, essas medidas são para a proteção da população e não propagação do vírus ou isso é mais uma manobra das autoridades chinesas para impor rígidos controles sociais sobre a população e travar mais uma guerra econômica com o Ocidente?

Os novos lockdowns na China já afetam diretamente a economia mundial, que passa por uma grave instabilidade com a guerra na Ucrânia. Quando estávamos saindo da crise do pós-Covid, nos deparamos com essas duas crises novas, que vão afetar na produção de alimentos, combustíveis, produção industrial, ou seja, toda cadeia econômica está novamente diante de uma adversidade.

Xangai – maior cidade do país e um núcleo financeiro global – é responsável por 3,8% do PIB chinês. Segundo estudos, as vendas no varejo despencaram em 11,1%, no mês de abril, em comparação ao mesmo período do ano anterior. A economia brasileira também sofrerá os impactos das severas medidas ligadas à Covid Zero, como a dificuldade de importar produtos da China, em especial, insumos para a indústria, o que irá refletir na alta dos preços de produtos e promover a continuação do aumento inflacionário no Brasil.  

Devemos questionar as ações tomadas pelo Partido Comunista Chinês, pois além de todas as violações dos direitos humanos e liberdades que estamos assistindo na China, temos agora as constantes situações que afetam a economia mundial.

Diante dessa mais nova crise que passam os chineses, cabe a nós do mundo democrático cobrarmos clareza e transparência do governo chinês sobre os casos de Covid, os campos de concentração dos povos uigures, violações de liberdades em Hong Kong, entre tantos outros fatos que, até hoje, não estão claros para o mundo. O movimento Democracia Sem Fronteiras, desde 2019, chama atenção do governo brasileiro sobre a postura das autoridades chinesas.

Jorge Ithallo dos Santos, presidente do Democracia Sem Fronteiras.

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