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Estamos em ano eleitoral, sendo absolutamente necessário o debate sobre o nível das instituições brasileiras. Quanto ao ponto, é importante frisar que a existência de um ambiente institucional favorável depende tanto de condições políticas como de iniciativas cívicas positivas. É justamente a comunhão de perspectivas saudáveis que garante as necessárias condições de desenvolvimento humano, político, econômico e social. Nesse contexto, quando a política faltar, a reação deve vir do agir imediato e proativo das organizações da vida civil. O fundamental é não calar, pois o silêncio do povo é um consentimento à mentira populista.

Infelizmente, nosso país vive um tempo de líderes sem brio e de partidos tíbios. A busca irrefreada pelo poder corrompeu os princípios e a apagou as ideologias. Por um lugar ao sol palaciano, faz-se de tudo, mesmo que o tudo seja um nada moral. A política virou carreira, remetendo a vocação ao exílio dos costumes. Neste ocaso temporário da política, é imperativo, portanto, o resgate da força transformadora dos cidadãos que, através da ação conjugada de seus membros e organizações, deve compensar o momentâneo vácuo político com práticas coletivas de elevação moral, correção de condutas e firmeza de caráter. Em outras palavras, quando a política falha, engana ou se omite, são as instituições democráticas que devem se impor. Afinal, os políticos passam, mas as instituições permanecem.

O Brasil tem jeito. Para tanto, temos de trabalhar por nosso país. Quando a cidadania faz a sua parte, a política se regenera por osmose. Todavia, quando o cidadão se ausenta, a política degenera e as instituições definham. Na verdade, existe um hiato de participação política responsável no Brasil. Nós, os mais jovens, estamos alheios ao processo democrático, deixando que velhos hábitos corroam novas esperanças e justas expectativas de futuro. Sem cortinas, a inércia de nossa geração é um desrespeito a todos os que lutaram pela liberdade no Brasil. Penso em João Mangabeira, que não se curvou à ditadura getulista; penso em Paulo Brossard, que, com honra e brilho, desnudou os tortuosos descaminhos do poder fardado. E penso no hoje para ver a inação de muitos.

Não podemos mais nos omitir. A indiferença cívica é a semente da derrota democrática. Primeiro, começa-se com o falseamento da verdade; depois, passa-se à institucionalização da mentira; e, no fim, só restam os cacos de legalidade. É hora de viver e dar sentido à democracia brasileira. Objetivamente, quando o bom cidadão se ausenta da vida pública, a política se transforma em um precário governo de medíocres. Aqui estou, pois outubro é logo ali. Temos de participar e fazer a diferença. E você, meu caro leitor, quer ser um autêntico cidadão ou está feliz em ser um simples fantoche da democracia?

Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr., advogado, é especialista do Instituto Millenium.

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