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Coexistir com a Covid-19
| Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

A comunidade médica se voltou nos últimos meses ao combate do novo coronavírus. Temos acompanhado a dificuldade que algumas cidades brasileiras estão enfrentando, cada qual com o seu desafio. E no Paraná temos visto bons resultados comparativos. Segundo dados divulgados pelo boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde no dia 31/05, o estado mantém a menor incidência do novo coronavírus por 100 mil habitantes no Brasil.

O combate à pandemia de Covid-19 é prioridade e, como um dos principais centros de excelência de saúde no estado, o nosso compromisso é ainda maior. Mas, felizmente, observamos um cenário controlado neste momento.

Isso nos faz refletir sobre a importância da saúde dos nossos demais pacientes que evitaram seguir ou iniciar tratamentos importantes, colocando em risco a própria vida, por fatores compreensíveis, como medo e insegurança.

Não temos medido esforços para conter a disseminação desta doença e tratar os pacientes quaisquer sejam as necessidades. O principal deles foi o estabelecimento de protocolos padronizados, denominados Command Center, para o atendimento a pacientes com suspeita ou infectados com a Covid-19. Isso nos permitiu nos reorganizarmos internamente, alocando novos espaços para pronto atendimento dos suspeitos e infectados com Covid-19, isolando-os por completo dos demais pacientes. Outro cuidado importante foi o reforço no treinamento e na aplicação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para todos os profissionais de saúde.

Tudo isso tem sido acompanhado em tempo real por comitês de crise formados por profissionais multidisciplinares e que nos permitem tomarmos rápidas decisões e até mesmo ajustar protocolos em andamento.

As últimas semanas têm mostrado que alguns pacientes, com medo da Covid-19, têm evitado procurar hospitais e clínicas, mesmo em situações críticas de saúde, colocando a vida em risco. Patologias como AVC, infarto, fraturas, câncer entre diversas outras são muito sensíveis ao tempo de diagnóstico e se não iniciarem tratamento, podem ocasionar óbitos ou graves sequelas, que seriam evitáveis.

Somam-se a isso, os resultados financeiros dos hospitais que estão sofrendo severos impactos, colocando em risco a sustentabilidade da saúde privada do Brasil. Segundo a Anahp, Associação Nacional dos Hospitais Privados, os hospitais devem perder de 30 a 40% suas receitas este ano, tanto por conta de investimentos realizados na infraestrutura de atendimento a pacientes com Covid-19 quanto pela diminuição das cirurgias eletivas e de outros tratamentos de seus pacientes, fonte importante no faturamento. O que se não for revertido pode ser ainda mais catastrófico, tanto de ponto de vista de saúde quanto econômico.

Por conta disso, nosso foco é a segurança para a retomada do atendimento aos pacientes portadores de outras doenças. A saúde não pode esperar e os tratamentos precisam ser realizados. Reitero que o cenário nos mostra os benefícios que ocorrem quando a população está atenta em sua rotina de cuidados.

Rodrigo Milano é diretor presidente do Hospital Pilar.

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