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O mercado recebeu a tentativa anunciada de recuperar os índices de estabilização e crescimento da economia – atualmente restritos a porcentuais irrisórios – com a disposição de apoiá-la, mesmo sabendo que a tarefa não será fácil nem imediata.

Apoiar a equipe econômica formada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Alexandre Tombini (Banco Central), Armando Monteiro Filho (Desenvolvimento) e Kátia Abreu (Agricultura), personalidades de prestígio nos meios políticos e econômicos, para dizer o mínimo, é parte indissociável das obrigações cívicas do empresariado.

Em primeiro lugar, o gesto indica a responsabilidade do empresariado com o futuro do país e seus habitantes, mesmo porque os desafios são enormes à vista da complexidade do quadro econômico e da conjuntura internacional.

Não será dessa vez que os brasileiros chamados a dar o melhor de sua contribuição à produção de riqueza, renda e empregos ficarão ausentes do campo de batalha. E a razão é simples: a crença inabalável e a confiança no potencial de uma nação que trabalha em busca de oportunidades e dias melhores.

Sem entrar no mérito da questão, entretanto, é lícito supor que a presidente optou pela solução rigorosamente igual àquela que responsabilizava a oposição de adotar no campo econômico, caso Marina Silva ou Aécio Neves fossem os eleitos.

Portanto, não seria inapropriado afirmar que, 12 anos depois, a presidente Dilma Rousseff, sob o incômodo constrangimento do desmonte da economia, o risco iminente de recessão e o escândalo da corrupção na Petrobras, viu-se obrigada a editar nova carta de compromisso, dessa vez não dirigida ao povo – a quem prometera ação diversa –, mas diretamente ao mercado.

A indicação da equipe incumbida de sanear as contas internas, tapar o rombo causado pelo gasto público, não raras vezes improdutivo e ineficaz, além de restaurar a confiança internacional do país, foi um gesto claro de que a confessa intenção do governo é a de recolocar a locomotiva nos trilhos. E seria altamente rentável se o governo passasse a pensar como empresa, na qual a despesa não pode superar a receita sob pena de absoluto desequilíbrio, como se verifica ao fim de um ano com crescimento do PIB perto de zero.

Empresas cada vez mais fortes são a garantia de que o país será também mais forte. A integração entre empresários e seus colaboradores para ajudar o Brasil a crescer é indispensável para a melhoria do ambiente de negócios e reforço da confiança nas ações do governo no campo econômico. Nesse particular, é imprescindível contar com o respaldo do Poder Legislativo, cuja missão é aprovar as reformas necessárias para o fortalecimento da produção de riquezas e da democracia.

O Estado Democrático de Direito é uma conquista nacional que precisa ser preservada. A sociedade deve estar atenta e denunciar eventuais tentativas de imposição, por exemplo, de controles sobre a liberdade de imprensa e expressão, ou sistemas paralelos de poder que comprometam a democracia representativa, que é um bem insubstituível.

No caso brasileiro e no de muitos outros países, seu reconhecimento pleno exigiu o sacrifício de muitos. O Estado deve existir para servir o cidadão e não o contrário. Antonio Miguel Espolador Neto, empresário, é presidente da Associação Comercial do Paraná.

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