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Os aeroportos são equipamentos urbanos imprescindíveis para o desenvolvimento da região onde estão inseridos. Consideremos hipoteticamente que haja demanda e infraestrutura disponível. Logo, para a empresa aérea manter a oferta de um voo, buscará a eficiência da rota: considerará a economia de escala (custo por unidade de peso que diminui à medida que aumenta o embarque) e a economia de distância (diminuição do custo do transporte por unidade de peso à medida que aumenta a distância voada). Conjuntamente, iniciará a roteirização (construção da malha aérea) para potencializar a taxa de aproveitamento das aeronaves em serviço.

Ao aplicar esse princípio logístico às operações no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em especial aos voos internacionais de passageiros e de carga aérea, evidencia-se o desafio histórico que se faz necessário superar.

Um expressivo número de conexões favorece a inserção e manutenção de rotas internacionais

As configurações da pista principal (comprimento, largura e resistência do pavimento) não possibilitam a operação plena dessas aeronaves, diminuindo consideravelmente a eficiência logística. Nesse caso, a infraestrutura é fator crítico de restrição operacional, impactando no tipo e porte de aeronaves que poderão ser empregadas, afetando a viabilidade econômica da operação. A ampliação da pista principal ou a construção de uma nova pista de pouso, observado o Plano Diretor do aeroporto, são alternativas que certamente sustentarão seu desenvolvimento.

No entanto, isso não é o bastante. É preciso redirecionar sua vocação, transformando-o em hub doméstico para a Região Sul do país, objetivando no futuro tornar-se um hub internacional. A primeira tarefa é ampliar a infraestrutura operacional para que um maior número de aeronaves possa permanecer ao mesmo tempo em solo e que passageiros possam ser melhor acomodados no terminal. Posteriormente, em estratégia conjunta com as empresas aéreas, incrementar o número de conexões domésticas. Um expressivo número de conexões favorece a inserção e manutenção de rotas internacionais, principalmente pelos ganhos de eficiência atingidos pelas economias de escala e distância já comentadas.

O Aeroporto Internacional de Brasília, que não tem restrição de pista de pouso e que já passou pelo processo de concessão, comprova essa métrica: as conexões domésticas já representam 50% da movimentação total de passageiros, com reflexos diretos no aumento das rotas internacionais. Consolidar-se como hub: eis o desafio do Aeroporto Afonso Pena!

O governo entendeu que a concessão pode ser um caminho para acelerar o desenvolvimento de alguns aeroportos, em virtude dos múltiplos benefícios esperados: injeção de capital externo, eficiência nos processos internos, facilidade de gerar receitas comercias adicionais, maior uso de critérios econômico-financeiros em detrimento dos políticos, dentre outros. Mas sob qual argumento conceder um aeroporto que tem figurado de forma recorrente entre os melhores aeroportos brasileiros nas pesquisas de opinião da Secretaria de Aviação Civil? Essa é uma pergunta a ser respondida pela sociedade e pelas autoridades responsáveis pelo fomento à aviação comercial brasileira. Entretanto, em qualquer cenário de administração aeroportuária, é preciso desenvolver decisões colaborativas que favoreçam o desenvolvimento sustentável do negócio aeroporto, sobretudo com políticas públicas que culminem na redução do custo operacional das empresas aéreas.

Wilson Rocha Gomes é professor do curso de Gestão de Transporte Aéreo da Universidade Positivo.
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