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Nos aproximamos da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), marcada para ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém do Pará.
Nesse contexto, foi amplamente divulgado o convite oficial feito pelo vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, ao Papa Leão XIV, solicitando sua presença no evento. A notícia causou apreensão entre fiéis católicos atentos à realidade espiritual e cultural do nosso tempo.
Embora se reconheça o zelo pastoral que motiva o Santo Padre a buscar o diálogo com instâncias internacionais, não se pode ignorar que a COP-30 está intrinsecamente vinculada à Agenda 2030 da ONU — um projeto global que, sob o pretexto do “desenvolvimento sustentável”, tem fundamentos ideológicos claramente incompatíveis com a fé cristã.
A Agenda 2030, com seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), apresenta um discurso atrativo e tecnicamente sofisticado, mas esconde em sua base uma concepção antropológica materialista, relativista e contrária à doutrina católica.
Na prática, os ODS funcionam como um cavalo de Troia, por meio do qual se promovem o controle populacional, a desconstrução da família, a relativização da verdade, a ideologia de gênero, a educação anticristã, o aborto disfarçado de “direito reprodutivo” e a construção de um poder global centralizado que despreza a soberania das nações e a liberdade religiosa.
Não se trata de mera retórica, mas de constatação verificada em relatórios oficiais, diretrizes internacionais e ações de agências que operam com base nos ODS.
Por exemplo, o objetivo 3, que trata da saúde e bem-estar, defende expressamente o “acesso universal aos direitos sexuais e reprodutivos”, uma linguagem cifrada que inclui o aborto como política pública.
O objetivo 4, sobre educação, promove uma pedagogia relativista e laicista, onde os valores cristãos são substituídos por conteúdos ideológicos incompatíveis com a visão cristã da pessoa humana.
O objetivo 5, sobre igualdade de gênero, deixa de reconhecer a diferença sexual como algo natural e dado por Deus, promovendo a autodeterminação de gênero e a ruptura da identidade masculina e feminina.
O objetivo 13, sobre o clima, tornou-se veículo para políticas panteístas, de adoração da “Mãe Terra”, esvaziando o papel do Criador e incentivando o medo climático como forma de controle social.
Além disso, há um problema de fundo: a própria noção de “sustentabilidade” está sendo usada como ferramenta de engenharia social. Os pobres e vulneráveis — que a Igreja sempre defendeu — estão sendo pressionados a aceitar tecnologias e regras impostas por elites globais, muitas das quais possuem histórico de promoção do aborto, eugenia, ideologia anticristã e perseguição à fé.
A Agenda 2030, embora disfarçada de preocupação humanitária, opera sob o princípio da governança tecnocrática global, marginalizando os ensinamentos da Igreja em nome de uma moral global substitutiva. A COP-30, portanto, será não apenas um evento ambiental, mas um palco para reforçar essas diretrizes globais que minam os valores cristãos.
A presença do Papa neste ambiente poderá ser interpretada como aprovação institucional por parte da Igreja Católica a essa agenda. Muitos católicos de boa fé, ainda não conscientes do conteúdo oculto da Agenda 2030, poderiam se sentir confusos ou mesmo enganados, acreditando que a participação pontifícia implicaria em comunhão plena com os valores promovidos pela ONU.
Seria, portanto, mais prudente e coerente que o Santo Padre optasse por não participar oficialmente da COP-30, salvaguardando assim a integridade do testemunho cristão e a missão profética da Igreja.
Associar-se a projetos como a Agenda 2030 pode ofuscar essa missão e enfraquecer sua voz moral diante de um mundo sedento da verdade de Cristo.
A Igreja não é chamada a ser uma ONG humanitária nem a se alinhar aos poderes do século, mas a ser sal da terra e luz do mundo
Diante disso, nós, católicos brasileiros que ainda cremos na perenidade do Evangelho, rogamos ao Santo Padre que não compareça à COP-30. Em vez disso, que promova, quem sabe, um encontro alternativo para debater os desafios bioéticos atuais, enraizado nos princípios da fé, na defesa da vida desde a concepção, na dignidade da família e na liberdade dos filhos de Deus.
Este gesto seria, hoje, profundamente profético. E a partir de um encontro assim, colher subsídios para uma encíclica que aborde os temas relevantes das coisas novas do nosso tempo, cada vez mais complexo e desafiante.
Que o Papa Leão XIV possa discernir com sabedoria, à luz do Espírito Santo, os riscos envolvidos em sua eventual presença na COP-30. E que, em nome da fidelidade a Cristo e à missão que lhe foi confiada como Sucessor de Pedro, recuse associar-se a um evento que, sob aparência de bem, promove um novo humanismo sem Deus. Que Maria Santíssima interceda por sua decisão.
Diante de tudo isso, convidamos todos os católicos de reta consciência, que desejam ver a Igreja fiel ao seu Senhor e imune às armadilhas de um globalismo anticristão, a se unirem a este apelo por meio da petição oficial disponível na plataforma CitizenGO.
Ao assiná-la, estaremos enviando uma mensagem clara e respeitosa ao Santo Padre, demonstrando que muitos de seus filhos espirituais no Brasil reconhecem os riscos da COP-30 e pedem que ele não compareça a esse evento. Assine e compartilhe com seus irmãos na fé: https://citizengo.org/en-row/oth/15502.
Hermes Rodrigues Nery é especialista em Bioética pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Coordenador Nacional do Movimento Legislação e Vida.
Conteúdo editado por: Aline Menezes



