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No Rio Grande do Sul, uma correta decisão deveria ser tomada como exemplo por muitos representantes dos brasileiros, principalmente no Paraná. O governador Tarso Genro confirmou, no início de junho, que os contratos das concessões rodoviárias não serão renovados. Em uma entrevista coletiva o governador anunciou que, em 30 dias, a Procuradoria-Geral do estado irá encaminhar uma notificação oficial às empresas que detêm a concessão de exploração dos pedágios nas estradas gaúchas por entender que, da maneira como foram firmados, esses contratos são lesivos ao interesse público, patrocinados por uma visão de desenvolvimento que traz prejuízos para a cidadania.

Mais que isso, Genro garantiu que o processo de transição para o novo modelo de gestão das rodovias será balizado pela redução dos valores atualmente cobrados nas praças de pedágios, pelo controle público efetivo das rodovias e pela reversão dos recursos para as próprias estradas. Que sonho para nós, paranaenses.

Por aqui, tudo caminha ao contrário. A arrecadação das concessionárias de pedágio paranaenses chegou a R$ 1,42 bilhão em 2011 (o terceiro sistema que mais recebe no país); as concessionárias do sistema paranaense de pedágio obtiveram R$ 206 milhões de superávit em 2011 e, graças à combinação do aumento na circulação de veículos nas rodovias com o reajuste das tarifas cobradas, a arrecadação no ano passado foi 15% maior que a receita de 2010. Mesmo assim, o governo cogita prolongar os contratos do Paraná.

Para mim, algo está muito errado quando percebo que a arrecadação do sistema paranaense de pedágio fica atrás apenas dos pedágios paulistas e das concessões federais, e que trafegamos muitos quilômetros em pista simples. Em um panorama considerado ideal, todos os 2,5 mil quilômetros do chamado Anel de Integração teriam pista dupla até o fim do contrato. Atualmente, 1,9 mil quilômetros do Anel são de pista simples.

Hoje, no Paraná, ao contrário do Rio Grande do Sul, as discussões entre governo e concessionárias para uma possível redução do pedágio e a aplicação dos investimentos que constam nos contratos (não sei o motivo pelo qual ainda não foram realizados até o momento, mesmo depois de anos de arrecadação) poderiam vir juntamente com uma prorrogação dos atuais contratos com as empresas que administram nossas estradas. Como pensar em prorrogação em um cenário como o das estradas paranaenses, em que a BR-277, que corta o estado de Paranaguá a Foz do Iguaçu e é considerada uma das rodovias com maiores índices de acidentes, ainda não possui pistas duplas em toda a sua extensão?

Esse é só um exemplo. Acho que nosso governo poderia trilhar o mesmo caminho de Tarso Genro. Enquanto faltar bom senso, continuaremos a pagar para não termos o retorno condizente nas estradas paranaenses. Infelizmente.

Gilberto Antonio Cantú é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar).

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