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Crises e censura: um breve resumo da história recente do Brasil

Brasil vive crise histórica: censura, STF politizado e hegemonia cultural sufocam a democracia; só a revolução pacífica do povo pode mudar. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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O empobrecimento econômico do Brasil é sintomático do vácuo cultural existente e cada vez mais latente em nossa sociedade. Desde 1964, não vivenciamos uma crise de tamanha magnitude no país — especialmente nas relações diplomáticas e comerciais com as verdadeiras potências mundiais, em particular os Estados Unidos da América.

Após a redemocratização no Brasil, o grupo que se autodenomina de esquerda, fazendo uso deste parlatório fantasioso de “justiça social” tornou-se hegemônico em diversos segmentos da sociedade. Consequentemente, esta hegemonia manifestou-se na política, vide o “Teatro das Tesouras”, protagonizado por décadas, principalmente, por PT e PSDB. Os meios mais eficientes utilizados foram as universidades (essencialmente as públicas), a mídia e a cultura.

O que essa tal “esquerda” não esperava, pelo menos, não de maneira tão orgânica e autossuficiente, era a popularização da internet, trazendo novas ideias e proporcionando a circulação de grupos diferentes, por pessoas comuns, o que ocasionou o surgimento de novas lideranças.

Esse movimento, formado por cidadãos comuns, surgiu de forma abundante e era composto por pessoas que não se sentiam representadas pelos espaços estabelecidos, sendo nas redações de jornais, universo acadêmico e instituições públicas em geral. Desta forma, passaram a utilizar o ambiente virtual/internet, facilitado pelo advento das redes sociais como meio de difusão e associação.

Através das redes sociais, os primeiros protestos de 2013 se organizaram e rapidamente se espalharam pelo país, rompendo com os meios tradicionais de mobilização política. A cobertura ao vivo, em diversas regiões do Brasil, feita por cidadãos comuns, por meio de vídeos, bastando um celular na mão ou, para os mais favorecidos tecnologicamente, equipamentos conectados às redes, desafiou o monopólio da mídia tradicional.

Ela permitiu que a população acompanhasse diretamente, sem a interseção de jornalistas profissionais da mídia tradicional, mostrando em tempo real as manifestações de grupos pacíficos, os vândalos, o comportamento da polícia e a resposta das autoridades.

O ano de 2013 ficou marcado na história pela espontaneidade e a partir dela a disputa pela autoria, situações que encontram-se muito bem explicadas no livro Por trás das Máscaras, escrito por Flávio Morgenstein. Em seguida ocorreu o avanço da Operação Lava Jato, ao mesmo instante em que a internet se consolidava como o principal espaço de disputa narrativa.

A circulação de informações, denúncias e criações de memes contribuíram para o desgaste da imagem do governo e dos partidos tradicionais. Em especial, os memes e páginas bem-humoradas, mesmo diante de toda a confusão, despertavam o interesse até mesmo daqueles que não estavam presentes fisicamente.

Esta observação é muito interessante, pois nela identificamos que os grupos mais alinhados com as ideologias de “direita”, mesmo sem nunca terem aprofundado em rótulos ideológicos, perceberam que a “esquerda do bem” não sabia lidar com piadas.

Com o mesmo impacto, formou-se um ambiente fértil para o surgimento de novas lideranças e influenciadores, principalmente da direita, que encontraram nas plataformas digitais um canal direto com a população, à margem das instituições estabelecidas, ou seja, o mainstream.

Entretanto, aconteceu gradativamente o que muitos não imaginavam, as tais instituições públicas, em parceria com o todo o consórcio (mídia, universidade e cultura) utilizaram a única, porém, poderosa arma que eles ainda têm, ou seja, a censura.

Desde então a perseguição com a alegação de autodefesa é o ofício diário para perpetuação dos males no Brasil. Justamente com este intuito o STF criou o “Inquérito das Fake News”, produzido pelos próprios ministros, visando a legitimação de suas ações autoritárias pelos outros poderes institucionais. 

Diante de todo esse cenário, os autoritários, com todos os seus braços formando o consórcio da censura, visando manter-se constantemente ativo, necessitavam do apoio do poder internacional. E, principalmente, de quem produz e mantém as redes em plena atividade. Neste momento surge de maneira rápida o bilionário Elon Musk comprou o Twitter (atualmente X), rompendo os planos de cerceamento e limitações dos usuários, coisas que já operavam no Facebook e Instagram.

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O segundo ponto, obviamente, foi a eleição de Donald Trump, expondo toda a censura estabelecida pelas Instituições brasileiras para o mundo. Estes dois homens expuseram para o mundo que o Brasil possui presos políticos sem o devido processo legal, rejeitando vários tratados internacionais de direitos humanos.

Perante essas bagunças decorrentes do aparelhamento do Estado e um judiciário altamente politizado, inclusive, com decisões monocráticas, todas as instituições estabelecidas viraram o aparato legal do Estado. O que ocorre atualmente: a Praça dos Três Poderes está cercada. A pedido da PGR, Moraes, determinou a retirada dos deputados e manifestantes que protestaram pacificamente próximo ao STF.

A decisão, com erros de português, traz erros jurídicos gravíssimos, como por exemplo, o direito de reunião garantido pela Constituição (ART. 5°, XVI). E, chama a atenção o fato de a ordem ter sido proferida no âmbito do “Inquérito das Fake News”, sendo que tal investigação nada tem a ver com as manifestações pacíficas recentes. O episódio reforça como tais inquéritos têm servido para que Alexandre de Moraes emita ordens contra qualquer pessoa, por qualquer motivo, em qualquer contexto.

No contexto geral, sem democracia e com total desconfiança no processo eleitoral, chegamos no limite. Há apenas uma saída: povo nas ruas, não apenas a título de manifestação, mas sim com o objetivo avassalador de uma revolução pacífica e total desobediência civil.

Dinho Ferrarezi é jornalista.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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