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O Paraná se orgulha de ter um solo fértil e ser um grande produtor de alimentos, participando com cerca de 20% da produção nacional de grãos. Aqui, com apenas 7 milhões de hectares agricultáveis – comparando com a imensidão desse Brasil – conseguimos extrair safras fantásticas, acima de 30 milhões de toneladas, fruto do esforço do agricultor que está buscando e aplicando cada vez mais conhecimento e tecnologia para aumentar a produtividade no campo.

Embora produtivo, temos preocupações com esse modelo agrícola que busca o máximo de produtividade de nossa terra. Como consequência, a capacidade e eficiência do solo estão se exaurindo, propiciando o aparecimento de novas pragas e doenças, fazendo com que o agricultor gaste cada vez mais na compra de insumos para repor os recursos que antes eram fartos no ambiente.

Esse modelo começa a ser questionado por especialistas, acadêmicos, técnicos e até mesmo pelos produtores. E é sobre essa preocupação que estamos colocando a estrutura do governo do estado para oferecer soluções possíveis e viáveis aos agricultores. Desde que assumimos a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, estamos incomodados com a redução do uso de práticas agronômicas de qualidade no estado, que sempre se orgulhou da fertilidade de seus solos e de ter sido pioneiro no país e na América Latina em práticas de manejo e conservação de solos, que foram modelo mundo afora.

A falta de conservação de solos, a destruição dos terraços nas lavouras, a falta de um plantio direto com qualidade, o uso indiscriminado de insumos e outras práticas que deixaram de ser adotadas no campo atingiram níveis alarmantes. Também acendeu a luz amarela o uso excessivo de agrotóxicos sobre as lavouras. Se medidas de correção não forem adotadas agora, realmente questionamos a continuidade dos elevados níveis de produtividade das lavouras paranaenses no futuro.

Essa percepção não é apenas do poder público, que já vem direcionando ações e programas para evitar esse tipo de deterioração, mas também da observação do dia a dia do agricultor e de suas entidades de classe que pediram à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento que coordenasse um processo de reversão de práticas inadequadas cujas consequências são danosas para todos, como a contaminação da água e do solo, a erosão -- que carrega terras férteis para rios e lagos -- e o sofrimento do meio ambiente pela falta de compromisso com o desenvolvimento sustentável.

Desse consenso entre o poder público e a iniciativa privada, surgiu a campanha "Plante Seu Futuro -- adote boas práticas no campo", que estimula o agricultor a voltar um pouco no tempo e praticar técnicas conhecidas por ele e que foram deixadas de lado. Trata-se de uma campanha de conscientização junto ao produtor rural para incentivar as boas práticas de manejo de pragas, de doenças, de conservação de solos e água; enfim, que adote um modelo sustentável no plantio das lavouras.

O mais interessante é que a adesão a essa campanha vai ajudar e muito o produtor a economizar e não gastar tanto dinheiro na compra de agrotóxicos. Está rasgando dinheiro o produtor que não se der ao trabalho de monitorar sua lavoura e aplicar esses produtos somente quando realmente for necessário. Antes de sair comprando agrotóxicos, o agricultor deve recorrer a técnicas simples e baratas, como estender um pano branco sob as plantas e dar uma batida nas folhas. Depois, contar a quantidade de insetos que caem no pano e multiplicar pela área plantada para calcular a incidência das pragas e analisar se é hora de aplicar o veneno ou não. Sem esse monitoramento, o produtor só vai rasgar dinheiro e provocar desequilíbrio no seu meio ambiente com aplicação excessiva de produtos químicos na lavoura, além de fortalecer e dar resistência aos invasores.

O sucesso dessa campanha pode ser comprovado com o encerramento da primeira etapa, que se estendeu sobre os cultivos de soja, em que a média de aplicações de agrotóxicos foi reduzida à metade, proporcionando uma economia de cerca de R$ 500 por hectare. Transportando esse valor para a área de 4,8 milhões de hectares cultivadas com soja no Paraná, seria possível atingir uma economia em torno de R$ 2 bilhões, que ficariam no bolso do agricultor.

O objetivo da campanha é ajudar o produtor a produzir com qualidade, reduzir os custos de produção das lavouras e oferecer alimentos seguros à sociedade. É uma grande ação da sociedade paranaense para adotar estratégias rumo a um modelo de produção sustentável, seguro e ambientalmente correto.

Norberto Anacleto Ortigara é secretário da Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná.

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