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A partir de 1.º de dezembro de 1965, Curitiba nunca mais foi a mesma. Naquele dia, a cidade dava o primeiro passo para tornar-se mundialmente reconhecida por suas atitudes inovadoras. Nascia o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), pelas mãos do então prefeito Ivo Arzua Pereira, com a tarefa de coordenar as ações para a implantação do Plano Diretor da cidade.

“De nada adianta encomendarmos um plano a profissionais competentes sem o acompanhamento – tanto na elaboração como na definição das linhas principais – do pessoal que vai executá-lo. Por esta falta é que muitos planos ficam engavetados. Porque os encarregados de executá-los não os conhecem e não acreditam neles”, disse Ivo Arzua naquela ocasião.

O Ippuc, com suas propostas e projetos inovadores, passou a influenciar e fazer parte da vida dos curitibanos. Em décadas de trabalho, contou com centenas de profissionais talentosos. A começar pelo engenheiro Jahyr Leal, seu primeiro presidente, e por aqueles que o sucederam no comando do Instituto: Sady de Souza, Jaime Lerner, Clóvis Lunardi, Lubomir Ficinski Dunin, Rafael Dely, Carlos Ceneviva, Cássio Taniguchi, Alcidino Bittencourt, Omar Akel, Adhail Sprenger Passos, Mauro Magnabosco, Osvaldo Navaro, Luiz Hayakawa, Clodualdo Pinheiro Júnior, Luiz Henrique Fragomeni, Augusto Canto e Cléver de Almeida. Todos foram impulsionados pelo amor por Curitiba. O mesmo amor que move aqueles que trabalharam e trabalham no instituto.

As propostas do instituto criaram asas, alçaram voo e aterrissaram em outras cidades no mundo

Com o olhar voltado para o ser humano e a melhoria de sua qualidade de vida, há 50 anos o Ippuc está presente em nosso dia a dia. Sua marca está nas calçadas da Rua das Flores, nos parques, no sistema trinário, nos BRTs, nas creches, nos postos de saúde, nos jardins ambientais, no mobiliário urbano, nas tubotecas, nas vias calmas, nos icônicos pontos turísticos, nos equipamentos culturais, na organização do espaço urbano. O Ippuc está na vida e na alma dos curitibanos.

As propostas do instituto criaram asas, alçaram voo e aterrissaram em outras cidades no mundo. Para nosso orgulho, muitas das soluções urbanas de Curitiba foram adaptadas à realidade de tantos outros lugares, em tantas nações.

Mas não é fácil construir uma cidade. São inúmeros os atores, as variáveis, os desafios. Ao longo de cinco décadas, vivenciamos transformações políticas, econômicas, sociais, ambientais, culturais e comportamentais. Mudanças que exigiram decisões desafiadoras e corajosas, ainda que muitas vezes tenham sido contestadas ou mal compreendidas.

Porém, inovar é um ato visionário. Inovar é preciso. E o Ippuc optou sempre por experimentar, pela busca de soluções originais. E isso, é claro, tira as pessoas de sua zona de conforto. Mudanças climáticas, abastecimento, água, energia, biodiversidade, segurança, moradia, logística, preservação da paisagem urbana, resgate histórico, mobilidade, identidade cultural, integração metropolitana e a busca pela humanização da cidade são os ingredientes que compõem a discussão sobre o futuro de Curitiba para os próximos 50 anos.

Tudo isso para que tenhamos uma cidade mais humanizada, mais inovadora e mais participativa. Temos muito a celebrar e muito a construir, inspirados por todos aqueles que fizeram e fazem a história do Ippuc, uma marca que vale ouro e é também um patrimônio de nossa cidade.

Sérgio Póvoa Pires, arquiteto e urbanista, é presidente do Ippuc desde janeiro de 2013.
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