O custo da produção do minério no Brasil vai além do dinheiro

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A mineração é parte fundamental de quase todos os aspectos da vida moderna. Sua finalidade consiste, basicamente, em extrair minérios que possuam valor econômico das rochas, solo e subsolo. Estes minérios, por sua vez, são utilizados como insumo ou matéria-prima para a produção de inúmeros objetos presentes em nosso cotidiano. Desde o cimento e o ferro que sustentam nossos edifícios, a fabricação de veículos e combustíveis, as pavimentações, a sustentação de energia elétrica e sua transmissão, computadores e outros aparatos tecnológicos, cosméticos, medicina, produção industrial em geral, até a produção de insumos para agricultura, impactando assim toda a cadeia de alimentação mundial.

As principais substâncias minerais extraídas no Brasil são o ferro, ouro, cobre e níquel. Assim, o minério de ouro é uma das principais commodities que compõem a balança comercial de exportação do país. Este metal representa 8,6% do setor, atrás apenas do ferro. Além do papel importante de gerar muitos empregos e movimentar fortemente a economia, tem-se também uma importante arrecadação de royalties para o Estado, que permite realizar uma transformação social importante para a nação.

É inegável a importância da mineração para o funcionamento de vários setores da indústria, comércio e serviços.

Em termos de valores, o custo da produção de minério no Brasil pode ser muito variável. De forma geral, depende de fatores como tamanho da mineradora, o processo produtivo, a concentração de minério e, até mesmo, qual o minério extraído. Existe um custo muito importante, também, em toda implantação de projeto, que vai desde estudos e licenciamento ambiental até mesmo de captação de recursos.

Antes de uma mina ser instalada, é necessário conduzir uma série de etapas para determinar se o local possui uma reserva mineral suficiente para legitimar a mineração. Este processo envolve técnicas avançadas, como análise geoquímica da crosta terrestre, testes laboratoriais de amostras de rochas e levantamentos aerofotogramétricos que medem campos magnéticos, gravitacionais e eletromagnéticos. Depois disso, a empresa irá decidir se a mineração naquela área é viável ou não, e caso a resposta seja positiva, o próximo passo será realizar uma avaliação de impacto social e ambiental, que será submetida para a aprovação da Agência Nacional de Mineração (ANM).

Quando a empresa obtém a permissão legal do órgão regulador, ainda há muitos quesitos a serem considerados, no que diz respeito aos custos de operação, entre os quais: método de mineração, projeto de planta de processamento, tratamento e descarte de resíduos, acordos trabalhistas, requisitos de segurança, saúde e meio ambiente, logística e cadeia de suprimentos, controles de risco, custos de capital, duração, volume de produção, fluxo de caixa, impostos, royalties e valuation.

Ressalto também a imprescindibilidade de haver um equilíbrio entre a exploração do minério de determinada região e seus impactos na comunidade local e no meio ambiente. Assim como toda atividade industrial – como a agricultura, a pecuária ou a geração de energia elétrica. Caso a mineração não seja realizada de forma responsável, certamente surgirão vários efeitos indesejáveis a curto e longo prazo.

Além de seguir todos os parâmetros ambientais legais básicos, é essencial a utilização de ações sustentáveis em processos produtivos tais quais: recuperação de área degradada, reaproveitamento e recirculação de água, reflorestamento, descontaminação de produtos já processados, entre outros.

Traçar as atividades das empresas sob a ótica do desenvolvimento sustentável é um fator crucial para que a mineração trabalhe de forma responsável. Hoje, essa ideia é amplamente adotada por meio das boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG), muitas vezes guiadas pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, com a finalidade de fornecer uma contribuição positiva para as pessoas e para o meio ambiente.

Dito isto, é inegável a importância da mineração para o funcionamento de vários setores da indústria, comércio e serviços – além de viabilizar o desenvolvimento científico e fornecer os elementos vitais para a fabricação de novas tecnologias, voltadas até mesmo para redução dos impactos gerados pela própria atividade mineradora. Se por um lado, representa um investimento de risco, cercado de vários custos, por outro, a mineração traz um grande potencial de avanço econômico para o país.

Pedro Eugenio é sócio-fundador da FNX Participações.