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O campo, aquele que alimenta a cidade, entende que é justo dividir o ônus da preservação com a sociedade urbana, que, por sua vez, aponta a responsabilidade dos produtores rurais na degradação do meio am­­biente

Com o avanço da agricultura, mas também das cidades, produzir deixa de ser um desafio de dentro da porteira para se tornar um dilema nos grandes centros urbanos. O aumento da renda e o crescimento da população não apenas no Brasil, como no mundo, amplia a demanda por alimentos e energia, aquecendo a economia rural. Fica, então, muito clara a relação entre a população consumir e o campo suprir essa necessidade. Como produzir também significa explorar mais os recursos naturais, em especial a água e a terra, fica estabelecida a polêmica das responsabilidades.

Assim, apesar da dependência explícita entre os dois lados, a interação entre esses dois mundos ainda é motivo de muita discussão, atitudes e ações, porque não dizer paixões, pouco técnicas, mas muitas vezes tendenciosas e passionais. Um exemplo dessa indisposição é o novo Código Florestal, em trâmite no Congresso Nacional, que expõe uma relação extremada. O campo, aquele que alimenta a cidade, entende que é justo dividir o ônus da preservação com a sociedade urbana, que, por sua vez, aponta a responsabilidade dos produtores rurais na degradação do meio ambiente.

Surge, então, o dilema. De um lado, as cidades, que precisam comer e encontrar fontes alternativas de energia. De outro, o homem do campo, que precisa encontrar fontes alternativas de renda e diversificação, como forma de se manter na atividade. De certa forma, objetivos comuns, mas que encontram resistência quanto aos meios utilizados em busca do fim e de seus interesses. Parece-me, então, que o problema está na maneira como as coisas são feitas, havendo, portanto, necessidade de se justificar os meios, e não a causa.

Se consumir é necessário e produzir a condição, a questão é como fazer a coisa certa. E na opinião de nós, produtores, é fazer de forma ordenada, sustentável, econômica, social e ambientalmente correta. Para isso, temos de nos aproximar, provocar reflexão, ponderação e, principalmente, o exercício do bom senso. Colocar lado a lado campo e cidade. Fazer com que as duas realidades, que são dissociáveis, se conheçam e se entendam melhor. A linha é tênue, sabemos disso. Mas também é conciliadora, pode esclarecer e somar em busca de um ambiente, urbano e rural, produtivo e consumidor, saudável a tudo e a todos.

Nesse sentido, a maior exposição agropecuária do estado e uma das maiores do país quer ser o elo entre esses dois mundos, que por muitas vezes não se entendem, mas que se complementam. A ExpoLondrina, que começou ontem no Norte do Paraná, em uma das agrocapitais do país, assume esse desafio, de harmonizar esses dois mundos, fazer com que campo e cidade se conversem e descubram, que mesmo sem perceber, já caminham juntos, são dependentes e podem somar ainda mais na construção de Brasil melhor. E não há palco melhor para isso.

A exposição é agropecuária, mas também educativa, social, cultural, comercial e industrial. Todos os mundos, todas as pessoas, não importando quem é de onde vem, dividindo o mesmo espaço, a mesma alegria e a mesma informação.

É pluralidade e respeito, é urbano e rural.

Gustavo de Andrade Lopes é presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP).

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