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No dia de 8 maio, em grande parte dos países que participaram dos conflitos da Segunda Guerra Mundial, cidadãos reúnem-se para comemorar a vitória contra as forças da intolerância e da opressão, prestando homenagens àqueles que um dia sacrificaram sua vida na luta contra o nazifascismo e projetando para as gerações futuras uma sociedade livre e mais justa.

Para nós brasileiros, o assunto é quase esquecido, seja pelos seus cidadãos que não viram a guerra em seu território, seja pelos meios de comunicação e autoridades. Como esquecer esse momento singular tão importante para a história contemporânea mundial? Há 69 anos a guerra cruenta envolveu os cinco continentes, iniciando-se em 1939 e terminando em 8 de maio de 1945. O conflito provocou ao mundo uma hecatombe para muitos povos, com um saldo de mortes de mais de 50 milhões de pessoas, entre civis e militares.

A campanha submarina conduzida pelo Eixo (Alemanha, Itália e Japão) chegou às costas brasileiras a partir de 1942, com o torpedeamento de 34 navios mercantes indefesos causando a morte de centenas de compatriotas. Tal fato provocou uma indignação nacional, levando o governo Getúlio Vargas a declarar o estado de guerra em 22 de agosto de 1942.

Nosso país, agredido e ciente das suas responsabilidades, na estratégia da defesa e participação, se uniu às forças aliadas e democráticas. O conflito longe do território nacional teve a participação da Marinha, Exército e Aeronáutica, seja na proteção dos comboios que passavam pelo Atlântico Sul, seja nas montanhas dos Apeninos e nos confrontos aéreos no território italiano.

É formada a Força Expedicionária Brasileira em agosto de 1943, e o brasileiro cordial se vê investido de combatente, atravessando o Oceano Atlântico para compor uma divisão de 25 mil homens divididos em três regimentos: o Sampaio 1º RI (RJ), o 11º RI (MG) e o 6º RI de Caçapava (SP). Muitos desses jovens, inexperientes e com pouco treinamento, fizeram o bom combate em batalhas reconhecidamente heroicas, como Monte Castello e Montese (abril de 1945). Tais feitos permanecem representados em dezenas de monumentos em homenagem aos brasileiros que se encontram hoje no território italiano, próximos a Bolonha, como forma de reconhecimento de um povo.

Hoje, podemos com orgulho juntarmo-nos às comemorações mundiais pelo término da Segunda Guerra Mundial, porém, por um dever de justiça, há de se refletir sobre os significados sombrios, as atrocidades cometidas e as vidas perdidas. Os desafios ainda permanecem fora de nossas fronteiras, mas constituem nossa obrigação ajudar a construir a convivência pacífica, o respeito à soberania nacional e a autodeterminação dos povos na busca de uma sociedade mais justa.

No 8 de maio, calaram-se há 69 anos o troar dos canhões e fez-se paz na Europa. A vitória alcançada também com a participação brasileira mudaria as feições de nossa pátria rumo ao futuro, em busca de tempos melhores, de um cenário de diálogo, reflexão e compreensão, tão importantes naquele dia como agora.

Carmen Lúcia Rigoni, doutora em História Cultural e membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) e do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná (IHGPR).

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