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Somos todos convidados a reavivar em nós essa experiência de filhos, que brota de cada coração humano. Lembremo-nos de todos os nossos pais, vivos e falecidos, e dediquemos a eles um momento de oração. Como seria bom se pudéssemos compartilhar as inúmeras e belas histórias dos pais que se tornaram heróis anônimos do cotidiano e, com seu amor, superaram os mais difíceis obstáculos. São pais jovens e idosos que não medem esforços para salvaguardar o seu maior valor: a família.

Em março deste ano, quando o papa Francisco saudava os pais pela passagem da festa de São José, disse em boa e alta voz: "cuidem dos vossos filhos para que cresçam em idade, sabedoria e graça; cuidem do caminho deles e como educadores, caminhem com eles". De fato, acreditamos que a missão de ser pai é um grande dom de Deus: é um chamado a amar de tal maneira que possa tornar-se para os filhos o sinal visível do próprio amor de Deus, do qual deriva toda paternidade no céu e na terra (Ef 3,15). A encíclica Familiaris Consortio, de São João Paulo II, confirma essa palavra quando expressa que o homem é chamado a revelar e a reviver na terra a mesma paternidade de Deus, garantindo o desenvolvimento unitário de todos os membros da família (FC 25).

O Evangelho deste domingo vem iluminar esse desafio, vivido por todos os pais que, de um modo ou de outro, querem conduzir seus filhos por caminhos seguros. Não há dúvida de que a família, comunidade de amor, constituída por Deus, tem enfrentado grandes obstáculos para manter-se dentro dos valores cristãos num mundo secularizado que vem perdendo o rumo da história, suas raízes cristãs e seus fundamentos morais.

As águas agitadas pelas ondas e os ventos contrários, narrados no Evangelho, simbolizam bem essa sociedade líquida na qual vivemos. Uma força contrária que é capaz de subverter nosso olhar, ofuscar nossos ideais e trazer medo e desesperança. O medo que invadiu o coração dos apóstolos e não permitiu que reconhecessem Jesus que vinha caminhando sobre as águas é o mesmo medo que engessa os cristãos e os torna pessimistas e omissos diante de um mundo que não dá mais espaço para o sagrado.

Porém, Jesus hoje diz a todos os pais, a todas as mães, a todos os filhos, enfim, a todas as famílias cristãs e de boa vontade: "Coragem! Sou eu! Não tenhais medo" (Mt 14,27). E, mesmo quando nos tornamos Pedro e fracassamos em nossos projetos pessoais, familiares, comunitários, eclesiais e sociais, parecendo que vamos afundar, lembremo-nos de que Cristo continua ali, e como diz o Evangelho: "Jesus logo estendeu a mão e segurou Pedro" (Mt 14,31). Portanto, nosso Deus não é uma fantasia, não é um fantasma, nem mesmo o resultado de uma sinapse, mas é "Deus conosco", vivo e ressuscitado que acredita no homem porque o criou por seu amor. Foquemos nossos olhos no Cristo, estendamos nossa mão a Ele e, vencendo nossos medos, cresçamos na fé. Só assim seremos impulsionados a realizar o projeto de amor do Pai, nos tornando filhos no Filho.

Neste domingo, Dia dos Pais, podemos resgatar com intensidade a mensagem do Evangelho que situa exatamente o momento em que Jesus, depois da multiplicação dos pães, sobe ao monte para orar (Mt 14,23). Unimo-nos em comunidade para orar e crescer na fé, na confiança de que Jesus caminha conosco e que o mal nunca prevalecerá sobre o bem. Que ao redor de nossas mesas, em nossos lares, possamos hoje rezar por todos os pais vivos e falecidos, próximos ou distantes, que refletem a paternidade divina e lutam por um mundo melhor e mais cheio de paz. Deus abençoe todos os pais!

Dom Rafael Biernaski, bispo auxiliar e administrador diocesano da Arquidiocese de Curitiba

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