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Não raramente sou questionada a respeito do tratamento para o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). "Devo medicar meu filho?" "A psicoterapia realmente funciona?" "Já ouvi falar que não existe TDAH" – estas, entre outras, são dúvidas recorrentes de pais que estão à volta com o diagnóstico, ou suspeita, de TDAH.

Primeiramente, precisamos ter claro que TDAH existe, sim: é um transtorno neurobiológico e comportamental, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com incidência de 3% a 5% da população. Costuma aparecer na infância, podendo se prolongar na vida adulta, sendo que nesse período muitas vezes os sintomas se tornam mais suaves. Havendo a suspeita de TDAH, a família deve buscar preferencialmente um neuropediatra (se o paciente for uma criança), para um diagnóstico médico, e um psicólogo da infância ou da adolescência, para um psicodiagnóstico. Diagnosticar adequadamente o TDAH é fundamental para o sucesso do tratamento. Em segundo lugar, um diagnóstico adequado deve levar em conta a idade da criança ou adolescente, para que comportamentos típicos da idade não sejam confundidos com sintomas. Por isso, ressalto novamente que os profissionais procurados devem ser especialistas na área da infância ou adolescência, dependendo da idade.

Diante do diagnóstico de TDAH, a família deve entender que somente a intervenção em um dos aspectos (neurológicos, psicológicos ou educacionais) não surtirá os efeitos necessários para um adequado desenvolvimento da criança. Por atingir áreas comportamentais, neurobiológicas, afetivas e educacionais, o acompanhamento da criança/adolescente com TDAH deve abranger todas essas áreas. O médico será responsável pela avaliação da necessidade (ou não) do uso de medicamentos, sendo ele o único profissional habilitado para o acompanhamento medicamentoso. O psicólogo irá trabalhar as interações sociais, os aspectos afetivos emocionais, técnicas comportamentais para a melhoria da atenção e da impulsividade, assim como orientações à família sobre estratégias a utilizar para melhor lidar com o TDAH.

Para os aspectos educacionais, precisa-se entender que a área mais atingida é a escolar. O cotidiano escolar irá exigir habilidades em que uma criança/adolescente com TDAH apresenta maiores dificuldades: atenção, concentração, organização e controle comportamental. Para isso, juntamente com o médico e o psicólogo, o acompanhamento adequado da rotina de estudos é fundamental para que a escola não se torne um espaço aversivo e de intenso sofrimento emocional para quem tem TDAH.

Um professor tutor, ou psicopedagogo, habilitado a lidar com a faixa etária da criança/adolescente pode ser a melhor saída. Ele deve ser paciente e organizado, e apto a acompanhar a rotina de estudos da criança/adolescente. Neste acompanhamento devem ser trabalhadas estratégias de aprendizado que diminuam a desatenção e a hiperatividade, como, por exemplo, o uso de recursos audiovisuais e jogos, a organização de uma rotina programada de estudos e de realização de atividades, organização do material escolar e das demandas de trabalhos e provas.

Família, médico, psicólogo, tutor e escola são os membros da equipe que melhores resultados alcançam para o sucesso do tratamento do TDAH.

Leticia de Melo Sarzedas, psicóloga, é mestre em Psicologia pela Unesp, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica e formada em Terapia Familiar pelo Instituto de Terapia Familiar de Milão.

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