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Dívidas custam caro para a saúde mental de consumidores
| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A pandemia de Covid-19 deixou marcas profundas em nossa sociedade, com reflexos emocionais e financeiros que foram sentidos por muitos de nós. A instabilidade econômica e a alta da inflação trouxeram incerteza quanto à capacidade de pagamento de contas básicas, como água e energia elétrica, como também com operações realizadas no mercado financeiro. As dívidas tornaram-se uma preocupação constante.

Dados do Banco Central mostram que mais da metade das famílias brasileiras contraíram alguma dívida neste ano. Atualmente, o número de pessoas com contas atrasadas chega a 67 milhões, enquanto o valor total das dívidas supera a casa dos R$ 289 milhões.

Mas antes de falar sobre dinheiro, é necessário entender quais objetivos o consumidor quer explorar, se ele busca construir uma poupança ou reservar parte do seu salário para uma viagem futura ou a realização de algum outro sonho. Uma das armadilhas mais comuns para o endividamento está ligada ao impulso. Nas conversas do dia-a-dia, é comum escutar a seguinte frase: já que recebi um salário maior, posso me dar o luxo de comprar uma blusinha.

O emocional possui um poder muito maior sobre as decisões do que a razão – lado lógico e racional do ser humano. E quando isso é usado para alcançar gratificações imediatas, as pessoas podem, muitas vezes, perder grandes reservas financeiras, que deveriam ser usadas em casos emergenciais.

Sem o planejamento financeiro adequado, as dívidas podem fugir do controle, e se tornarem um gatilho para a saúde mental. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), casos de depressão e ansiedade aumentaram 25% e a incerteza econômica é apontada como uma das razões para esse crescimento.

Precisamos estar atentos a um ciclo vicioso que tem afetado inúmeros brasileiros. O consumo impulsivo de produtos não prioritários vem empurrando os consumidores para a inadimplência. Isso afeta a saúde mental e imobiliza as pessoas em busca de mudanças. Não é simples fugir desta roda-viva e inúmeros fatores devem ser somados na busca por uma solução, mas a educação financeira pode ser um primeiro passo importante.

Bruna Allemann é economista, especialista em investimentos internacionais, e educadora financeira da Acordo Certo.

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