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E mais um ano letivo começou. Deu-se a largada para a corrida pelo conhecimento, por novas experiências e, também, pela aprendizagem consciente para a convivência em um mundo que nos oferece uma diversidade de seres: humanos, animais e vegetais. E, além da família, o professor exerce um papel importante na construção e modelagem daqueles que farão parte de uma sociedade exercendo as mais diversas ocupações. O que nos faz pensar em como ensinar valores em um momento em que crianças, pré-adolescentes e adolescentes parecem estar somente envolvidos com aquilo que lhes interessa.

Há muito se lançam livros e textos temáticos a fim de tentar conscientizar esses jovens de que a diversidade existe e que o que nos resta é aprender a respeitar. Todos esses lançamentos são de grande valia e pedagogicamente essenciais para este tipo de trabalho. No entanto, ao apresentá-los aos jovens num ambiente onde quase tudo aos olhos deles é obrigação, a recepção não é o que se pode chamar de calorosa. Pois ouve-se esse assunto em quase todas, para não dizer todas as disciplinas. Afinal, o professor está ali para passar mais do que conhecimentos científicos.

Há muito se lançam livros e textos temáticos a fim de tentar conscientizar esses jovens de que a diversidade existe

O que nos esquecemos ou deixamos passar despercebido é que existem centenas, para não dizer milhares, de obras literárias que discretamente abordam os mesmos assuntos e que são lançadas tendo o público infanto-juvenil como alvo, levando-os a vivenciar a diversidade de forma natural, às vezes sem perceber, ou rotular a leitura. De personagens gays a homofóbicos, dos pobres aos ricos, dos machistas às feministas, os exemplos seriam inúmeros e não cabe aqui nomeá-los. São obras que não têm a intenção de serem pedagógicas, foram produzidas a fim de serem apreciadas e oferecerem um momento de prazer, uma fuga da realidade consciente.

É neste momento em que o professor se torna essencial. A fuga consciente da realidade pode enviar dados e comandos ao subconsciente, como já dizia Murphy. A aprendizagem do tema vai além de leituras rotuladas, ultrapassa a barreira do explícito e sobressai-se ao óbvio, ao pronto, ao moldurado.

De Malalas a Hermiones, de Beauvoir a Saramago, de Machados a Browns, do real à fantasia, da biografia ao fantástico. Não importa o que se escreve, nem com qual intuito é feito. O importante é o professor e a família perceberem que o ensino e aprendizagem para uma sociedade diversa estão implícitos em obras que nem de perto passam pelo processo pedagógico. A ciência que estuda o comportamento dos jovens e auxilia no seu desenvolvimento intelectual está presente no dia a dia, sem rotulação, sem imposição. Lucys, Percys, Isaacs, Harries, embora fantásticos, estão mais presentes no nosso cotidiano que imagimanos, cada um do seu jeito. Afinal, fantástico é o viver em comunhão e ensinar ultrapassa qualquer barreira.

Wemerson Damasio é professor das redes municipal e estadual em Curitiba, e coautor do livro infanto-juvenil “As crônicas de Miramar: o segredo do camafeu de prata”.
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