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Poucas horas – para não dizer minutos – após o acidente que ceifou a vida do jovem e promissor candidato à Presidência da República Eduardo Campos, de apenas 49 anos, o assunto que tomou conta das redes sociais e da velha mídia no geral é se a companheira de chapa vai ou não assumir a candidatura, ou se houve teoria da conspiração nesse episódio. Com relação ao acidente, são inúmeras montagens de fotos sendo compartilhadas pela internet com as notórias personalidades políticas, centenas de piadinhas e brincadeiras impróprias para o momento.

Mesmo que o assunto política seja algo que lhe faça torcer o nariz, vale lembrar que somos humanos, e quem nos deixou, além de ser uma figura pública, foi uma das maiores lideranças brasileiras. Um ícone da política pernambucana que, devido à atividade docente, tive a oportunidade de conhecer nas inúmeras viagens para o estado natal de Campos, onde era visto como um sopro de esperança e orgulho para o povo nordestino. Estava em vias de se tornar ainda mais visível com o início da campanha na televisão; portanto, somente isso seria suficiente para sermos mais "gente" nesse momento. Vale ressaltar também que se tratava de um homem, pai, marido, filho, enfim, um ser de nossa espécie.

O que está por vir não se trata de mãe Dinah ou previsões do pai Achiles. Tentamos, nesse momento, pensar em todos esses aspectos antes de compartilhar algo. Vale ressaltar que, no dia do acidente, especificamente no Twitter, a hashtag #FoiaDilma chegou aos trending topics em um curto espaço de tempo. Nas demais redes sociais, começaram a circular matérias antigas que apontam para uma lei, aprovada em maio deste ano, que tornava sigilosa a investigação de acidentes aéreos, e assim se cria um clima de conspiração. Falamos de uma pessoa que ocupa o cargo de chefe de Estado maior, a presidente do país, uma pessoa que está sendo acusada, mesmo que informalmente, de ser responsável por um atentado que vitimou sete pessoas.

Muitas vezes nossos atos nos tornam cruéis, insensíveis e extremamente maldosos em nossos julgamentos. Esse mesmo sentimento tive há poucos dias quando foi noticiada a morte do talentoso ator Robin Willians. Estaríamos, de fato, perdendo a sensibilidade? Desconfio que, com a agilidade da informação, perdemos o timing do luto, do respeito à dor, daquilo que realmente importa. O episódio do falecimento do ator, motivado por depressão, fez sua filha sair definitivamente das redes sociais, alegando que a crueldade dos internautas e seus comentários a faziam sofrer ainda mais.

A corrida pela informação e essa sensação de que tudo que é de ontem é antigo passa a fazer parte, de forma intensa, da vida das pessoas, e muitas vezes a vida humana acaba por perder um pouco o sentido. No caso de Campos, foi embora um político, uma liderança, um homem que tinha tudo para representar a nova política; mas estaria indo embora também o respeito pela vida humana? Seria esse o momento de tirar o pé do acelerador e repensar nossos valores?

Possivelmente Marina Silva será apresentada como a nova candidata ao cargo de presidente, e já na primeira pesquisa pode bater os 25% de intenção de votos, embaralhando de vez a disputa eleitoral majoritária e também a proporcional.

Seguindo o script traçado pelos estudiosos da área, que se faça o suspense para passar a ideia de candidatura insubstituível e de maior respeito à figura do líder Eduardo Campos. No entanto, neste exato momento os mercadólogos ou marketólogos políticos de plantão já estão articulando a apresentação da candidata. Algo no estilo do discurso do atendimento ao clamor popular, semelhante ao "dia do fico", pois é para o bem do povo e felicidade geral da nação que serei a candidata. E, a propósito, uma ótima candidata, com potencial imediato de grande votação, talvez até maior que a de Campos.

Nada somos à mercê do destino; à família do ex-governador de Pernambuco, nossas condolências, e que venha a campanha eleitoral, pois o tempo não para.

Achiles Batista Ferreira Junior, coordenador de Curso Superior do EAD da Uninter e especialista em marketing político

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