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Dar asas à imaginação só é possível ao pensador bem educado, que dispõe de ferramentas para ativar a comunicação. Ele pensa e escreve porque um professor ensinou-lhe o código da escrita e, assim, o habilitou a usar a sua criatividade para tornar-se um escritor. Mas, se ele fosse analfabeto, de nada adiantaria ter criatividade. A condição essencial é a educação.

Uma conversa de vendedor ou de "marqueteiro". Mercadoria: a educação. Pergunta o "vendedor": Qual o tipo de educação que o senhor deseja adquirir? Simples ou composta? Dependendo da sua escolha, nós calcularemos o preço e o prazo. O "cliente", por sua vez, quer saber: Qual é a sua utilidade e prazo de garantia? O que pode ser feito com a educação? Admite-se permuta? Posso trocar a educação por dois pares de botas ou posso negociar um emprego com um bom salário? Ou permutar, talvez, por um futuro sustentável?

Preparar a população para um futuro sustentável é a grande meta educacional desta década, o que desencadeou uma proposta internacional liderada pelo Unesco, ampliando o programa de "educação de qualidade" e direcionando-o para a educação para o desenvolvimento sustentável (vide conceitos e propostas no site www.unesco.org/desd).

DEDS – ou Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014) – é uma proposta surgida no Fórum Mundial Rio + 10, em Johanesburgo, na África do Sul, que foi aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em dezembro de 2002. O Unesco foi designado para executar a sua implementação e associou-se à Universidade das Nações Unidas (UNU) para incentivar a criação de Regional Centers of Expertise (RCEs) encarregados de promover a integração interinstitucional e o esforço conjunto de "experts" para gerar uma força-tarefa capaz de alavancar uma grande transformação regional pela educação. É um novo conceito que substitui o sistema anterior de aquisição fragmentada do conhecimento por um aprendizado dinâmico, transdisciplinar e holístico, que começa com o aperfeiçoamento da formação de formadores, focalizando questões complexas – derivadas das interações dos aspectos econômicos, sociais e ambientais – direcionados para a empregabilidade e o desenvolvimento sustentável.

Portanto, saibam todos que há uma nova proposta mundial de educação visando melhorar a sua qualidade e quantidade e que essa idéia deverá ser implementada com urgência no Brasil. Sem isso, pagaremos caro pela nossa defasagem, atrasando ainda mais o nosso desenvolvimento, pois, conforme indicam as pesquisas, uma análise qualitativa parcial indica que a ciência é absolutamente carente de sentido para os alunos. "Nós, professores de ciências, pela nossa formação, acabamos tornando o conhecimento pouco atraente e esquecemos de mostrar os aspectos humanos, sociais, culturais, históricos e políticos da construção desse conhecimento", diz a pesquisadora Maria Elena Infante-Malachias.

Defendemos uma revisão urgente do conteúdo dos cursos de formação de professores – e também dos cursos de pós-graduação – para estimular estratégias de aplicação da educação para o desenvolvimento sustentável, a exemplo do que está ocorrendo nos países desenvolvidos. Na Espanha, na Holanda, na Suécia e na Alemanha, as diversas iniciativas de educação para o desenvolvimento sustentável são premiadas pelo governo, enaltecidas pela mídia local e divulgadas pelas publicações educativas do Unesco, onde se destacam as atividades articuladas pelos 55 centros de expertise aprovados pela parceria UNU-Unesco, que permutam informações e as disponibilizam aos educadores. Por aqui o processo foi aberto pelo primeiro Centro da América Latina aprovado pelo Unesco (Paris, 2007). O Centro Regional de Integração de Expertise (CRIE) está buscando apoio da comunidade e do governo para dinamizar suas ações e ativar uma "força tarefa" em prol da EDS no Paraná

Portanto é necessário aplicar logo as boas sugestões dos "experts" e as recomendações dos grandes pensadores: "Educar os educadores! Mas os primeiros devem começar por se educar a si próprios. E é para esses que eu escrevo", disse Nietzsche, em 1894.

Zióle Zanotto Malhadas, doutora em Semiótica, é consultora da UNITWIN-Unesco, professora sênior da UFPR e coordenadora do Centro Regional de Integração de Expertise (CRIE) em Curitiba.

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