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Em um momento de baixo crescimento econômico e da necessidade de o Brasil retomar a geração de empregos, um dos caminhos mais eficientes é a aposta no empreendedorismo. O país tem de voltar a crescer rapidamente para não perder importantes conquistas sociais das últimas décadas, obtidas desde a estabilização da moeda com o Plano Real. Não há qualquer dúvida sobre a importância dos empreendedores nesse processo de retomada do desenvolvimento econômico.

Empreender ganhou nos últimos anos um novo status em todo o mundo. E o Brasil caminha na mesmo direção. Atualmente, parcela da população jovem (incluindo vários recém-saídos da faculdade) sonha em abrir o próprio negócio. Segundo um levantamento feito pela Ernst & Young com empreendedores de todos os países do G20, o empreendedorismo está em alta entre os mais novos. Do total de jovens entrevistados, 65% desejam se tornar donos de seus próprios negócios. No Brasil, esse porcentual é ainda maior: 81% dos jovens ouvidos afirmaram que pretendem empreender em algum momento da vida. Segundo eles, a principal barreira que pode impedi-los de realizar essas aspirações profissionais são os fatores econômicos enfrentados pelo país.

É necessária uma ação coordenada entre governos, companhias e empreendedores

Mas não basta a mudança na atitude dos jovens que ingressam no mercado de trabalho. É necessária uma ação coordenada entre governos, companhias e empreendedores para fomentar o ecossistema propício ao empreendedorismo. E aqui cabe às autoridades em especial o protagonismo de criar um ambiente favorável que estimule o empreendedor. Vários países no mundo têm cidades e regiões que facilitam a vida daqueles que buscam inovar e criar negócios. Vale do Silício, Nova York e Boston, nos EUA; Tel Aviv, em Israel; Cingapura, na Malásia; e Berlim, na Alemanha, são exemplos.

É preciso, porém, atitudes firmes da União, estados e municípios no sentido de reduzir a burocracia e ampliar os incentivos fiscais ao empreendedor. O fim dos entraves ao capital de risco e ao desenvolvimento de empresas de ponta é um primeiro passo nessa direção. O acesso mais fácil ao crédito e a novas tecnologias também é essencial. A crise econômica brasileira não será equacionada, como sabemos, rapidamente. Mas é possível encurtar o caminho para a retomada do crescimento, de forma sustentável, com apoio mais efetivo àqueles que apostam em novos negócios.

Além da eliminação das barreiras burocráticas que dificultam o desenvolvimento de novos negócios, é de extrema importância que se crie uma cultura que dê suporte ao empreendedorismo. Só assim os países poderão avançar no desenvolvimento de empresas de alto impacto.

Entrevistas realizadas com 1,5 mil empreendedores de todos os países do G20 revelaram que a criação e promoção, pelo governo, de políticas educativas que deem suporte para futuras gerações de jovens empreendedores precisam estar na ordem do dia. Caso contrário, as nações correm o risco de perder anos de crescimento do emprego e novas formas de inovação.

Mudanças de cultura e relacionadas à educação levam tempo. Existe um mito de que seriam necessárias gerações para vermos algumas transformações, o que não é exatamente verdade. Precisamos começar hoje, tomando algumas medidas cujo impacto positivo já é comprovado, independentemente de onde forem implementadas. É o caso da criação de vistos multilaterais para empreendedores e o encorajamento de networking internacional. Essas medidas melhoram a mobilidade da mão de obra, a realização de negócios internacionalmente e o compartilhamento de culturas empresariais positivas. Alguns países como o Reino Unido e Canadá já contam com sistemas como esse e registram bons resultados.

Começar cedo o ensino de empreendedorismo, manter programas educacionais durante o ensino secundário com foco em educação vocacional e parcerias com a indústria, e desenvolver iniciativas que promovam o compartilhamento de conhecimentos e o desenvolvimento das comunidades. Estas também são medidas importantes para criar um ambiente que permita que o potencial empreendedor das nações se desenvolva de forma plena.

Mais do que criar alternativas de geração de emprego e renda para a população, o estímulo ao empreendedorismo representa um passo significativo em direção à retomada do crescimento econômico brasileiro. Entender e, principalmente, apostar nesse caminho pode encurtar e amenizar o período de turbulência e acelerar a recuperação do país.

Luiz Sergio Vieira é vice-presidente de Mercados da Ernst & Young.
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