• Carregando...

É necessário um maior empenho tanto do poder público quanto da sociedade na adoção de estratégias de prevenção e de tratamento adequados do uso da droga

Os resultados do levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), nesta semana, não representam novidade, porém são pertinentes porque levantam a questão para a sociedade. De acordo com a CNM, 98% dos municípios brasileiros já sentem a presença da droga, e ela não segue mais um perfil específico de usuário e também não se restringe mais às grandes cidades. Todos devem se envolver nessa guerra, fazendo a sua parte na mudança de valores e de comportamentos, além de pressionar o Estado (poderes públicos constituidos) que desenvolva sua função.

No Paraná, a Coordenadoria Estadual Antidrogas (Cead), unidade executiva e programática da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania, e o Conselho Estadual Antidrogas (Conead), vêm estimulando os gestores municipais a criarem conselhos municipais antidrogas, que possam se responsabilizar pela proposição de políticas públicas municipais que tenham efetividade para fazer o enfrentamento à questão das drogas lícitas e ilícitas. O conselho estadual editou no ano passado um caderno orientador para formação de conselheiros municipais e multiplicadores de ações de prevenção ao uso indevido de drogas – o caderno pode ser acessado pelo site www.antidrogas.pr.gov.br. Porém faz-se necessária uma maior articulação entre os três poderes, especialmente expressa por parte dos municípios que desejem realmente realizar o enfrentamento ao crack e outras drogas.

O Conselho Estadual possui em seu cadastro 60 conselhos municipais, sendo que desses, 30 são atuantes. Considerando que o estado tem 399 cidades, o porcentual é baixo. Temos proposto que os conselhos devem ser representativos do município e não da administração municipal, pois a cada mudança de gestão esses se tornam vulneráveis, sendo na maior parte das vezes extintos ou desativados, conforme o interesse dos gestores.

A partir dos decretos e editais do governo federal, através do Ministério da Saúde e da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas, instituiu-se no Paraná um grupo de enfrentamento ao crack e outras drogas, que vem desenvolvendo diversas ações, entre elas um projeto de pesquisa a ser iniciado no próximo ano, que trará um retrato do uso de substâncias psicoativas. O retrato a ser apresentado pela pesquisa pode ajudar no planejamento de ações pontuais e efetivas de enfrentamento ao uso de drogas.

Para que haja um grande avanço no desenvolvimento de ações de enfrentamento ao uso de substâncias lícitas e ilícitas, é necessário liberação de recursos do governo federal, que tem seu Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. As universidades estaduais disputaram financiamento promovido pelo plano de enfrentamento, através de edital, para que a pesquisa proposta possa ser efetivada.

Esse trabalho, em conjunto com as demais ações, é fundamental para que o estado do Paraná possa minimizar os efeitos tão devastadores destas substâncias na sociedade. Porém, é necessário um maior empenho tanto do poder público quanto da sociedade na adoção de estratégias de prevenção e de tratamento adequados do uso da droga e que estejam subsidiadas pelas politicas nacional e estadual sobre drogas.

Sonia Alice Felde Maia, coordenadora estadual antidrogas, é psicóloga.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]