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coronavírus
Amostras para testes de coronavírus.| Foto: AFP

Vou direto ao ponto! Essa briga entre “isolamento seletivo” em prol da economia contra “fechamento total” em favor da saúde parece ter saído completamente da racionalidade. E, bem no momento mais inapropriado, extrapolou qualquer limite e virou uma rinha de políticos, quando, na realidade, todos deveriam estar unidos por uma solução para a toda a população, e não apenas discursando para seus possíveis eleitores. Só que no meio dessa briga o que está em jogo é a nossa capacidade de viver!

Uns, com muita razão, temem morrer de fome, e outros de falta de assistência médica. Tudo depende do lado em que você está: se é um desempregado que não tem o que comer porque não há emprego, ou se você é um milionário que, mesmo disposto a utilizar toda a sua fortuna, não consegue garantir tratamento para seu filho diante de um sistema de saúde colapsado. Ambos têm inegável razão!

Temos de encontrar um caminho sensato para sobreviver. E, nesse sentido, estamos comprando a briga errada. Retomar a economia é urgente! É para ontem! Mas será que não estamos esquecendo de algo para que isso seja possível?

Na Coreia do Sul e na Alemanha, que até agora têm se mostrado os casos mais bem-sucedidos de enfrentamento à Covid-19, o que vimos foi que ambos os países optaram por testar a população de forma maciça e rotineira. Lá foram aplicados testes rápidos cujo resultado sai em não mais que 10 minutos. E podem ser feitos em casa. Chegam agora notícias de que estes testes estarão disponíveis para os norte-americanos por meio de grandes empresas como a Amazon. A pessoa é testada periodicamente e, caso acuse infecção, vai para a quarentena e se isola. O grupo de risco também se isola. E assim os negócios andam, e os danos econômicos são também menores.

O receio de voltar ao normal sem testar dessa forma é simples: o grupo de risco sujeito à Covid-19 é composto por idosos e portadores de doenças respiratórias, ou de doenças que reduzem a imunidade, gestantes, fumantes, entre outros. Mas se trabalharmos apenas com o número de idosos, que são 15% da população brasileira, segundo o IBGE, temos aproximadamente 30 milhões de pessoas. Acreditar que conseguiremos deixar 30 milhões de pessoas isoladas por dois a quatro meses é ilusão. São as pessoas que mais precisam de cuidados e atenção.

Fora que, em grande parte da população, essas pessoas dividem residências pequenas e até barracos, tornando o isolamento total impraticável. Se não estiverem 100% isolados, eles irão se infectar, porque a teoria é justamente que o restante das pessoas, fora do grupo de risco, se contamine de forma assintomática ou com sintomas leves, para gerar imunidade coletiva. Assim, se esse grupo de risco se contagiar, o sistema de saúde não funcionará. E, neste caso, não atenderá a população nem mesmo em outros casos que exigem atendimento, como infartos, câncer ou tratamentos emergenciais por acidentes.

Logo, os exames massificados e rotineiros, assim como foi feito em outros países, surgem como uma solução para a rápida identificação dos casos e consequente redução do contágio pelo isolamento. Consequentemente, reduz-se o risco de serem contaminadas as pessoas do grupo mais vulnerável, já que os doentes (ainda que sem sintomas) estarão também recolhidos. O Ministério da Saúde anunciou, até a data deste texto, que comprou mais de 20 milhões desses testes. E isso é, inegavelmente, uma excelente notícia.

É neste ponto que chego à conclusão. A briga que temos de ter é para que as autoridades aprovem, comprem, importem e distribuam urgentemente estes testes. Muitos! Milhões de testes. Usemos todos os recursos possíveis para isso. Devemos exigir isso das autoridades com veemência para voltarmos a trabalhar o quanto antes!

Não quero saber de briga política, quero sobreviver. Não quero morrer sem saúde ou de fome. Quero ser testado já!

Rodrigo Mello é advogado.

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