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Ao longo dos meus dois mandatos como deputada federal, aprendi que os números de um governo não mentem. Aliás, eles gritam! E os dados mais recentes divulgados pelo Tesouro Nacional soam como um grande alerta para o país: as estatais federais registraram déficit recorde de R$ 2,73 bilhões apenas nos quatro primeiros meses de 2025 – um rombo que não pode ser normalizado, ignorado, ou, pior, tratado com indiferença política.
Os Correios são exemplo de como as estatais são administradas. Símbolo histórico de integração nacional, os Correios eram lucrativos até pouco tempo atrás. Hoje, mergulham em prejuízos milionários – fruto direto de má administração, de aparelhamento político e de uma completa falta de foco em resultados. O que mudou? Mudou a gestão nas estatais: saiu o compromisso com a eficiência e entrou no lugar a velha prática do uso político da máquina pública.
O Brasil precisa, urgentemente, de mais gestores com visão de Estado e menos operadores de campanha. Não há bem-estar social sem gestão responsável. Não há futuro com contas no vermelho e empresas públicas e estatais afundando por politicagem
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sua terceira gestão como presidente da República, tenta esconder este retrocesso sob a cortina de fumaça da “reconstrução”. Mas o que está em curso, de fato, é a destruição metódica do patrimônio público nacional, incluindo o das estatais. E quem paga a conta são os brasileiros, que enfrentam serviços públicos precários, impostos cada vez mais altos e um governo que age como se ainda estivesse em campanha eleitoral – ou preso no tempo, em sistema analógico. Mas há quem faça diferente!
Enquanto a União infla a máquina com 37 ministérios, muitos deles criados apenas para acomodar apadrinhados políticos, São Paulo segue um caminho mais enxuto e voltado à eficiência administrativa. O governo do estado implantou a Secretaria de Parcerias e Investimentos, responsável por estruturar concessões, desestatizações e Parcerias Público-Privadas (PPPs) em áreas estratégicas, como mobilidade urbana, educação e saneamento básico.
Por meio deste modelo de trabalho, já foram mobilizados mais de R$ 180 bilhões em investimentos, com foco em entrega, transparência e sustentabilidade fiscal. Trata-se de exemplo prático de como é possível gerir com seriedade e planejamento, sem ampliar a estrutura estatal, nem recorrer ao populismo. É um contraste evidente com a gestão federal, que parece mais preocupada com alianças para as eleições de 2026 do que com resultados concretos para a população.
Como jornalista por 25 anos e, há dois mandatos, como deputada federal por São Paulo, não posso silenciar diante do abismo entre as duas formas de governar: de um lado, o improviso, o palanque, a irresponsabilidade, que faz com que a estatais se deteriorem; do outro, a busca por soluções técnicas, o respeito ao dinheiro público e o compromisso com o legado. O Brasil precisa, urgentemente, de mais gestores com visão de Estado e menos operadores de campanha. Não há bem-estar social sem gestão responsável. Não há futuro com contas no vermelho e empresas públicas e estatais afundando por politicagem.
O Brasil merece mais. Não será por omissão que deixaremos o governo federal enterrar o que ainda resta de credibilidade no setor público e em nosso país.
Rosana Valle é deputada federal pelo PL-SP, em segundo mandato, presidente da Executiva Estadual do PL Mulher de São Paulo, jornalista por formação há mais de 25 anos, e autora dos livros “Rota do Sol 1 e 2”.