• Carregando...

Atualmente temos cerca de 7 milhões de universitários, de acordo com números recentes do MEC, e a meta oficial é chegar a 2015 com 15 milhões de estudantes de nível superior. Dificilmente isso ocorrerá se continuarmos insistindo em velhas fórmulas

A evasão escolar deixou de ser um problema apenas do ensino fundamental ou do médio. Números do censo do ensino superior divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) em dezembro do ano passado mostram que de 2008 para 2009, um total de 896.455 estudantes abandonaram a universidade no Brasil, o que representa uma média de 20,9% do universo de alunos que cursavam o ensino superior no país.

De acordo com os números apresentados, nas instituições públicas, 114.173 estudantes (10,5%) largaram os cursos. Nas particulares, um total de 782.282 alunos (24,5%) se evadiram. Para Oscar Hipólito, pesquisador do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia, essas perdas financeiras decorrentes da evasão no ensino superior em 2009 chegariam a cerca de R$ 9 bilhões.

Isso porque para receber o aluno, as universidades têm de manter toda uma infraestrutura, com prédios equipados, material de ensino, bibliotecas, além de pagar professores e funcionários. Na universidade pública, de acordo com Hipólito, o valor é gasto mesmo se o estudante não está lá. Já no caso da instituição particular, as mensalidades de quem abandonou o curso deixam de ser pagas com as consequências daí decorrentes.

Há lógica quando o pesquisador afirma que existem vários motivos que levam o estudante a abandonar o ensino superior. Entre eles destaca-se a dificuldade para pagar a faculdade e se manter durante o curso. Talvez por isso a Educação a Distância (EAD) esteja se destacando tanto. Com a possibilidade de alcançar localidades mais distantes, cursos com preços acessíveis e horário diferenciado, essa modalidade está em plena ascensão.

Se analisarmos um estudo feito por Hipólito com dados do censo do ensino superior, vemos a preocupação que devemos ter com o atual ensino presencial. A pesquisa mostrou que apenas 47,2% dos estudantes se titularam após quatro anos de curso tradicional. Outro dado preocupante mostra que, no presencial, a taxa de aumento de matrículas, que era de 14,8% em 2002, ficou em 0,7% em 2009. Além disso, a taxa de aumento de ingressos de 2008 para 2009 ficou em 7,5% negativos. Em 2008, o número de ingressantes foi de 1,87 milhão e no ano seguinte foi de 1,73 milhão.

Já passou do momento de nossas autoridades e também dos nossos alunos prestarem mais atenção no futuro do nosso ensino. O Brasil tinha como meta chegar a 30% da população no ensino superior em 2010, mas não passou dos 13%. Esse número precisa de atenção. Ao se olhar o exemplo de um país que perdeu a guerra e hoje é potência, como o Japão, descobre-se um fantástico exemplo de investimento no sistema educacional. Um enorme esforço educacional foi montado sobre as cinzas ainda fumegantes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki: aumento dos dias do calendário escolar, mais hora/aula, qualificação extremada do corpo docente, verbas prioritárias e significativas para a educação e reposição do aprendizado. Os resultados obtidos dispensam comentários.

Atualmente temos cerca de 7 milhões de universitários, de acordo com números recentes do MEC, e a meta oficial é chegar a 2015 com 15 milhões de estudantes de nível superior. Dificilmente isso ocorrerá se continuarmos insistindo em velhas fórmulas. Temos a solução para consolidar o acesso ao ensino universitário, formando cidadãos conscientes e ativos. Basta apostarmos nas alternativas corretas.

Carlos Alberto Chiarelli, ex-ministro da Educação, é doutor em Direito e presidente da ACED (Associação da Cadeia Produtiva de Educação a Distância).

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]