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Mas, então, Jesus subiu ao céu? Com certeza! Mas afirmar que Jesus subiu ao céu é exatamente a mesma coisa que afirmar que Ele" ressuscitou", que foi glorificado, que entrou na glória de Deus. O seu corpo, é verdade, foi colocado no sepulcro, mas Deus não precisou dos átomos do seu cadáver para dar-lhe aquele corpo de " ressuscitado", que são Paulo chama de "corpo espiritual" (1 Cor 15,35-50). Não houve nenhum deslocamento no espaço, nenhum "rapto" do monte das Oliveiras rumo ao céus, quarenta dias após a Páscoa.

A Ascensão aconteceu, sim, mas no mesmo instante da sua morte, embora os discípulos tenham começado a entender e acreditar somente a partir do "primeiro dia". A narrativa de Lucas é uma página de Teologia, não uma informação sobre fatos, extraída de um jornal. Nesta página nos é ensinada que Cristo, por primeiro, atravessou o "véu do templo" que separava o mundo dos homens e o mundo de Deus, e mostrou que tudo o que acontece aqui na terra: sucessos ou fracassos, injustiças, sofrimentos e até mesmo os fatos mais absurdos, como uma morte ignominiosa, não estão excluídos do projeto de Deus.

Se a Ascensão de Jesus é tudo isso, não deve causar espanto que os Apóstolos a tenham saudado com "grande júbilo" (Lc 24,52). O primeiro motivo pelo qual os discípulos estão felizes, embora não tenham mais a seu lado, em forma visível, o Mestre, é que eles entenderam que Ele não permaneceu, como pensavam os seus inimigos, prisioneiro da morte. Fizeram a experiência da sua ressurreição, têm a plena certeza de que Ele, por primeiro, atravessou o "véu do templo" que separava o mundo dos homens e o mundo de Deus. Mostrou deste modo de que tudo o que acontece na terra: sucessos e fracassos, injustiças, sofrimentos e até os fatos mais absurdos, como os que ocorreram com Ele, não estão fora do plano de Deus. Se este é o destino de todo homem, a morte já não inspira medo. Jesus a transformou num nascimento para a vida com Deus.

Este é o primeiro motivo para sentir alegria mesmo em situações mais dramáticas e mais complicadas. Jesus não foi para outro lugar, não se afastou permanentemente na companhia dos homens. A sua maneira de estar presente não é a mesma, mas não é menos real. Antes da Páscoa Ele também estava condicionado a todas as limitações às quais nós estamos sujeitos: se encontrava em um determinado lugar não podia estar num outro; se encontrava com algumas pessoas, estava longe de outras; sentia cansaço, tinha necessidade de dormir.

Agora já não era mais assim com Ele: para Ele terminaram as limitações relacionadas com a vida neste mundo, Ele agora se encontra na glória do Pai e pode estar junto de cada homem, sempre. Com a ascensão a sua presença não ficou limitada, mas se multiplicou.

Eis o segundo motivo da alegria dos discípulos e de todos nós. A certeza da Ascensão muda os critérios de avaliação da vida. Enquanto os anos passam o cristão sente-se feliz porque percebe que o dia do encontro definitivo com Deus está se aproximando: sente-se feliz por ter vivido, não sente inveja dos mais jovens e até os trata com ternura, como a mãe que sorri quando observa o filho que, com muito esforço, começa a caminhar ...

Dom Moacyr José Vitti, CSS Arcebispo Metropolitano de Curitiba.

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