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Famosos no exterior, os food trucks, veículos que vendem os mais variados tipos de comida, ganharam espaço no Brasil neste ano, principalmente na cidade de São Paulo. Em Curitiba, a Câmara Municipal discute há um bom tempo um projeto de lei que trata desse assunto, porém as entidades do setor da alimentação fora do lar percebem que ainda há muito a ser conversado antes que o projeto seja votado. Regulamentar os food trucks na capital paranaense exige um debate profundo.

O assunto é polêmico e não pode ser votado com a rapidez com que muitos desejam, pois estamos tratando de um tema que atinge diretamente a população. Alimentação fora do lar exige uma constante preocupação com a segurança alimentar, que deve ser difundida nos mínimos detalhes do negócio, passando, por exemplo, pela qualidade dos produtos, procedência dos ingredientes e higiene no processo de manipulação. Afinal, alimentação está ligada à saúde. Não podemos brincar ou tratar esse tema tão importante de maneira irresponsável.

Para a Abrasel-PR, entidade que representa os empreendimentos da alimentação fora do lar no Estado do Paraná, alguns tópicos importantes, que ainda não foram bem discutidos, podem afetar tanto os clientes quanto as pessoas que há muito tempo atuam no setor. Um deles é a fiscalização por parte da Vigilância Sanitária. Para garantir que a alimentação provida pelos food trucks seja de boa qualidade, acreditamos que o órgão deve acompanhar de perto a produção e manipulação dos alimentos, assim como ocorre nas casas que têm endereço fixo. Fica difícil imaginar como esse processo de fiscalização será realizado com eficiência em empreendimentos móveis.

A localização e o uso do espaço público também devem ser tratados com muito cuidado. É muito importante que exista uma definição prévia dos locais onde os food trucks poderão comercializar seus produtos. Se esses espaços não forem muito bem pensados, poderemos nos deparar com um caos urbano. Além disso, é necessário que se estabeleça uma distância mínima entre o local de parada dos food trucks e os empreendimentos gastronômicos tradicionais, para que não seja criada uma concorrência desleal e desnecessária.

Outro aspecto que não está sendo levantado é o possível uso das ruas e calçadas para a colocação de mesas e cadeiras. Atualmente, os bares e restaurantes curitibanos precisam atender uma rigorosa regulamentação municipal com relação ao uso do recuo. Em nosso caso, é expressamente proibido o uso das calçadas. É de fundamental importância que os food trucks também sigam as mesmas normas.

Não podemos nos esquecer do modelo de comercialização que será adotado para a circulação dos food trucks pela capital paranaense. Nos Estados Unidos, o proprietário obtém a licença para que ele mesmo opere o veículo. Isso faz com que os pequenos empresários tenham espaço no mercado. Defendo que esse deve ser o modelo adotado em Curitiba. Dessa forma, diminui-se a possibilidade de que franquias de caminhões se espalhem pela cidade monopolizando o segmento e diminuindo o movimento casas tradicionais que investem e contribuem para o desenvolvimento do setor da alimentação fora do lar.

Analisando todas as peculiaridades que envolvem os food trucks, fica claro que essa regulamentação não pode ser definida de forma precipitada. É necessário discutirmos com todos os setores interessados para chegarmos a um acordo que traga benefícios mútuos para os empresários que já contribuem para a economia da cidade e, logicamente, para aqueles que estão motivados com a oportunidade de ter o seu food truck circulando pelas ruas de Curitiba.  

Marcelo Woellner Pereira, sócio-proprietário do Grupo Babilônia Gastronomia, é presidente do conselho estadual da Abrasel-PR.

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