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Vamos em frente e a cidade também. Ignoramos as adversidades para dar conta da vida que a cada dia se faz presente. Não podemos retornar e apagar nada, nem as lembranças, sejam elas positivas ou negativas. De onde vem toda essa gente que encontramos cada vez mais nas cidades? Vem do campo, da roça, onde não consegue mais viver. O que vislumbra nas cidades? "Ser alguém na vida", creio.

Permito-me aqui utilizar um pensamento de Italo Calvino: "A cidade de quem passa sem entrar é uma; é outra para quem é aprisionado e não sai mais dali; uma é a cidade à qual se chega pela primeira vez, outra é a que se abandona para nunca mais retornar".

Todos nós queremos ter um futuro. Por que as cidades, consideradas como um organismo vivo, não teriam? A vida acontece no interior das cidades e as razões para a existência e a permanência delas sempre foram a oferta de bens e serviços os mais diversificados possíveis.

A cidade do futuro não pode ser diferente.

A urbanização não deve ser vista necessariamente como um "mal", mesmo nas nações pobres. O problema é o ritmo com que se dá o crescimento dos centros urbanos. Manter uma família grande na cidade se torna muito mais difícil e dispendioso que na área rural. Portanto, a migração da população das áreas rurais para as urbanas tende a diminuir o ritmo do crescimento populacional e ajuda a combater a pobreza.

A cidade é uma criação de natureza coletiva, mas na sua construção há o contraste entre o individual e o coletivo, que se manifesta nas relações entre a esfera pública e a privada.

Ao descrever uma cidade, ocupamo-nos preponderantemente da sua forma, mas nos apercebemos, na continuidade desta descrição, da pluralidade de funções existentes e, com isso, realizamos um seccionamento da cidade (centro e periferia).

A forma da cidade é sempre a forma de um tempo da cidade (evolução urbana), e existem muitos tempos na forma da cidade. Olhamos velhas casas da nossa infância e a cidade que muda e apaga com frequência as nossas recordações. Isso significa que existe na cidade um antes e um depois.

Os êxodos rural-urbano e intraurbano que vêm se processando contribuem para a modificação na forma da cidade. Ao poder público resta o estabelecimento de legislação adequada, que conduza à harmonia dessa forma. Isso tem como consequência custos financeiros relacionados à urbanização, somando-se a esses os custos sociais, empresariais e individuais. Dessa maneira os custos de urbanização devem estar previstos na priorização de alguns investimentos. Surge, então, a necessidade de renovação, reestruturação, requalificação ou recuperação de alguns espaços para que a área urbanizada possa ser controlada e racionalmente ocupada. Isso irá provocar alguns impactos na forma da cidade, que por muitas vezes acaba por apagar os rastros deixados ao longo do tempo.

O que pode restar às cidades do futuro reside justamente na velocidade e na precisão das respostas exigidas por essa nova sociedade que vem se formando – o homem global, e que necessita prioritariamente de cooperação e de solidariedade.

Gilda Amaral Cassilha, arquiteta e mestre em Administração Pública, é professora de Urbanismo da PUCPR.

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