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Agora que ficou público que os pilotos e os controladores de vôo vêm se desentendendo no relacionamento técnico terra/ar, que são obrigados a manter e que algumas mensagens passadas dos que estão em terra para os que estão no ar seriam não corretas, não significando dizer serem falsas, surge uma importante interrogação diretamente relacionada às entidades de Classe que congregam profissionais liberais.

A preocupação recai sobre o homem ou sobre o dirigente sindical em uma situação como esta?

Creio que sobre ambos, primeiramente sobre o homem, ou os homens que integram as entidades e que, ao mesmo tempo, se utilizam por dever de oficio do transporte aéreo. E também sobre os dirigentes sindicais por que deveriam entender que está ocorrendo um choque entre duas categorias importantes de alto nível técnico responsáveis por nossa segurança em terra e no ar.

Como é possível entender que quem controla o vôo de um imenso Airbus ou um Boeing, ou mesmo um Fooker ou até um ATR, possa passar informações para que o comandante do aparelho fique em vôo baixo, aguardando ordens para subir, sabendo que o consumo de combustível é muito maior e que a segurança a baixa altura é difícil, enfim, que estamos correndo riscos maiores, como o esgotamento do combustível ou até uma falha mecânica.

E, pior ainda, se ficam fazendo "voltinhas" em cima de uma cidade como Santos ou Araraquara sem saber o que está efetivamente acontecendo lá embaixo, ou se o controlador responsável pela nossa aeronave não está simplesmente querendo atrapalhar, como diz o noticiário, e não colaborar.

Será que isto é sindicalismo? Será que nas duas áreas de serviços essenciais de alto risco não deveria haver um acordo, no sentido de resolver essa situação de maneira técnica e não política?

Não se pode tirar o direito de quem quer que seja, de defender seus interesses e de sua categoria profissional, desde que não coloque em risco a segurança e a vida de terceiros, usuários, no caso dos serviços.

Imagine se um profissional liberal de outra categoria como médico, engenheiro, contador, advogado, simplesmente por estar de mal com a vida ou com terceiros, decidisse praticar um ato falho em sua especialidade profissional, prejudicando seu cliente, seu atendido, seu constituído. Este seria punido eticamente por seus órgãos de classe, seria execrado por sua comunidade.

Tomando conhecimento do cenário que envolve a situação aérea brasileira, as coisas que estão acontecendo nos céus e nas salas escuras dos controladores de vôo, sinto medo.

Medo de viajar nesta semana e na outra e nas que se seguirão. Com certeza, se pudesse não viajar, não viajaria.

Será que esta semana a minha aeronave vai ficar voando baixinho na saída do aeroporto, parada no ar como um pássaro que, infelizmente, não sabe o que fazer, ou ficará subindo, subindo até alcançar sua atitude de cruzeiro para nivelar e seguir tranqüilamente sua rota?

Ou será ainda que numa sexta-feira 13 serei desviado para um aeroporto alhures, sem saber porque, como e onde pousarei e ficarei aguardando na pista um ônibus que demorará, porque não havia previsão para o pouso naquela hora, naquele local, daquela aeronave, e não conseguirei um táxi na saída do aeroporto, pelas mesmas razões, falta de previsibilidade.

Alguma atitude precisa ser tomada, com urgência para resolver essa situação que nos deixa a todos em pane. Mesmo respeitando, como sindicalista, o direito de liberdade sindical, entendo que excessos não são bons e que quando um problema demora muito tempo para ser resolvido, tende a crescer e a se multiplicar.

Enfim, vamos torcer para que as autoridades ponham o pé no chão e resolvem esta lamentável situação o quanto antes, porque afinal de contas, o que fazer neste Brasil imenso, sem o avião, as tripulações, os comandantes e principalmente os controladores de vôo?

"Que Deus nos proteja". Esta é a frase que me vem à lembrança. Afinal, Ele é brasileiro, dizem... Francisco Antonio Feijó é presidente da Confederação Nacional das Profissões Liberais.

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