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Nesta semana iniciam-se as festividades comemorativas do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que completa 40 anos na sexta-feira. No distante início da década de 1970, produtores, técnicos e lideranças buscavam alternativas para o desenvolvimento da economia regional, à época ancorada na monocultura cafeeira e emitindo graves sinais de esgotamento. Era necessário gerar condições para a implantação de indústrias, qualificar mão de obra, criar universidades, desenvolver massa crítica, enfim, havia muito trabalho a fazer. No campo, tornava-se urgente diversificar e modernizar a agricultura.

Assim, a criação do Iapar foi marcada pela mobilização da sociedade, fato altamente relevante em um país ainda hoje pouco dado a valorizar a ciência e tecnologia. Em apenas dois anos de operação, a instituição lançou um amplo inventário do conhecimento disponível sobre agropecuária no estado, o Manual Agropecuário para o Paraná. As publicações que se seguiram – hoje são centenas – já traziam informações geradas a partir de estudos próprios, para nossa realidade de solos e clima.

Os resultados da pesquisa vêm transformando o meio rural do Paraná. Cerca de 30% do PIB e 60% das exportações paranaenses têm vínculo direto ou indireto com a atividade agropecuária. Consolidado no cenário científico nacional, o trabalho do Iapar deu contribuição significativa para esse quadro – na conservação dos solos, desenvolveu e adaptou o plantio direto, técnicas de terraceamento, rotação de culturas e outros métodos que permitiram derrotar a erosão e recuperar milhares de hectares no estado, ação que foi reconhecida até pela FAO.

Novas técnicas permitiram a exploração da citricultura mesmo na presença do cancro cítrico, criando nova alternativa de renda para os produtores e viabilizando a produção e exportação de suco de laranja concentrado; também o café ganhou vida nova com o cultivo adensado e mais de 75 outras técnicas de manejo que compõem o modelo de cafeicultura preconizado no Paraná. São apenas alguns exemplos. Há muitos outros, como as tecnologias para agricultura familiar, melhoramento genético (mais de 150 variedades apropriadas para os solos e clima do Paraná) e o suporte ao sistema sementeiro do estado.

Vivemos em um mundo globalizado, em permanente transformação e contínua geração de novas demandas. A um só tempo, é preciso garantir renda e qualidade de vida aos produtores, proteger nossos recursos naturais e considerar que os consumidores da produção paranaense – espalhados mundo afora – exigem alimentos seguros. O enfrentamento dessas questões demanda conhecimento científico e tecnológico. Cabe à pesquisa entender e dominar novas abordagens, como a biotecnologia e a nanotecnologia; buscar métodos de produção (a integração lavoura-pecuária-florestas é um exemplo) que assegurem sustentabilidade dos ecossistemas e respondam à correta preocupação da sociedade com o meio ambiente; oferecer alternativas rentáveis aos produtores familiares, dentre inúmeras outras.

Com tantos desafios, o Iapar deve manter o olhar apontado para o futuro. E, nas próximas quatro décadas, obter um desempenho condizente com sua história de sucessos, renovando permanentemente o compromisso com o desenvolvimento da agropecuária do Paraná.

Norberto Anacleto Ortigara é secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento.

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