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No dia 12, o Paraná e o Brasil ganharam um ótimo presente com a criação da Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila). Liderando a comitiva da UFPR que esteve presente ao prestigiado ato em que o presidente Lula sancionou a criação de mais uma universidade federal em nosso estado, pude aquilatar junto com nossos companheiros de gestão, a emoção e o entusiasmo que moveram o dr. Vitor do Amaral , o dr. Nilo Cairo e os demais fundadores da Universidade do Paraná em 1912. A mais antiga universidade do Brasil foi "mãe", aos 97 anos, da mais nova integrante do sistema federal de educação superior, mostrando toda sua vitalidade e comprometimento com o povo do Paraná. No ano passado já havíamos cedido a nossa Escola Técnica para que se transformasse no Instituto Federal do Paraná, que já está atuando na educação profissional e tecnológica em mais de oito sedes em todo o estado. No retorno a Curitiba, a alegria contagiava a todos.

Na manhã do dia 13 de janeiro o Paraná e o Brasil tiveram uma enorme perda com o falecimento da dra. Zilda Arns Neumann.Foi um grande choque. Amanhecemos cheios de tristeza, surpreendidos por este acidente devastador. Deixamos de ter entre nós a presença luminosa de uma médica pediatra formada pela UFPR que, com seu exemplo pessoal de solidariedade, cidadania e amor ao próximo, construiu uma obra de enorme alcance social em nosso país, cuidando primeiro das crianças e depois dos idosos com muito carinho e dedicação, mas sobretudo com uma energia e alegria contagiantes. Ela pertence a uma família que se destacou nos campos eclesiástico, educacional e social, sendo que nossa universidade tem a satisfação de ter contado e ainda continuar a contar em seus quadros com destacados membros da família Arns.

Fomos, no dia 15, levar nosso abraço à família e dar o último adeus à dra. Zilda. Pudemos sentir de perto a reverência carinhosa da multidão que lá estava, misturando figuras de destaque nacional e regional com os mais humildes e anônimos cidadãos que tive­­ram a sorte de ter suas vidas modificadas pelo trabalho da Pas­­toral da Criança ou pela Pastoral da Pessoa Idosa. Nos consolamos por testemunhar a determinação de continuidade da parte dos membros destas iniciativas sociais, talvez agora contando com mais apoio dos órgãos de governo e da sociedade em geral.

Naquela mesma noite, ao presidirmos a formatura do curso de Medicina, solenidade em que entregamos à sociedade paranaense mais 91 médicos com excelente formação profissional e o arraigado senso de cidadania característicos de nossos alunos, pudemos sentir a presença inspiradora da dra. Zilda em todos os momentos. Logo na abertura, a pedido dos jovens formandos, observou-se um minuto de silêncio seguido de uma calorosa salva de palmas a materializar o carinho e a admiração de todos pela figura humana e pela obra desta incansável batalhadora. Para complementar, um grito anônimo de "muito obrigado, Zilda" ecoou no Teatro Guaíra lotado. Na sequência, nos quatro discursos proferidos, todos fizemos referência ao exemplo de superação que fica para as futuras gerações. Tenho certeza que ela estava acompanhando satisfeita os jovens médicos que estavam homenageando-a, ela que há pouco havia comemorado seus 50 anos de formatura reunindo-se com seus colegas de turma para uma confraternização. Como ficou claro para todos nós, ela gostava de gente e de apoiar a todos que precisassem de ajuda. Temos fé de que o seu exemplo frutificará em muitos corações e mentes e resultará em milhares de iniciativas que darão continuidade à construção de um mundo melhor.

Finalmente, na sexta feira, 22 de janeiro, uma semana depois, outra intensa emoção. A Universidade Federal do Paraná divulgou a lista dos aprovados no vestibular, recebendo mais 5.582 jovens para iniciarem sua vida universitária. Assistimos com emoção aos calouros vindo ao câmpus com seus familiares, celebrando esta grande conquista. Estamos preparando para o início das aulas uma recepção que lhes dê a exata dimensão da grandeza de nossa instituição e faça-os perceber o compromisso social inalienável que os acompanhará para sempre, por serem alunos de uma universidade pública, financiada pela sociedade brasileira, mirando-se no exemplo edificante da dra. Zilda.

Fazendo um balanço final de tantos fatos marcantes na trajetória do ensino superior em nosso estado nos últimos anos, temos muito a comemorar. Em cinco anos, estamos praticamente do­­brando o número de estudantes em instituições federais de educação superior no Paraná. Continuaremos, porém, com o grande vazio da saudade da dra. Zilda Arns Neumann, esperando que seu exemplo seja sempre um farol a iluminar os caminhos de tantos jo­­vens universitários, para que façam a transformação social que nos­­so estado e nosso país tanto necessitam.

Zaki Akel Sobrinho é reitor da UFPR

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