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Começa a 1.º de novembro uma nova campanha de vacinação contra febre aftosa, praticamente um ano após ter sido anunciado pelo governo do estado – no fatídico dia 21 de outubro de 2005 – a existência de grave suspeita de focos de aftosa no Noroeste do Paraná. Somente agora o estado passou a ser considerado pelo Ministério da Agricultura como livre da doença e, portanto, apto a vender carnes para outros estados. Falta ainda que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) chancele essa decisão e os países importadores voltem a aceitar os nossos produtos.

Que esse triste episódio nos sirva de lição e nos leve a tornar mais eficientes as campanhas de vacinação para afastar de vez a aftosa de nossos rebanhos. Não basta apenas vacinar o gado; isso já vem sendo feito com responsabilidade pela maciça maioria dos nossos pecuaristas. Como vimos pela ocorrência dos focos no ano passado, é preciso mais. Muito mais. É crucial uma vigilância permanente que depende não apenas dos governos federal e estadual, mas também da iniciativa privada.

Lembro que, para conseguir que o Paraná fosse reconhecido pela OIE como livre de aftosa em maio de 2000, o governo do estado e os produtores rurais, através de suas entidades, realizaram um grande esforço, a partir da consciência de que a defesa da sanidade animal e vegetal é assunto que interessa a todos. A Faep, por exemplo, participa, desde a década de 1990, das assembléias da OIE e de eventos em que a sanidade é o assunto. Tem enviado técnicos à Europa para aprender como o mercado exige que seus fornecedores trabalhem, não apenas no que diz respeito à saúde dos animais, mas também quanto à rastreabilidade, condição indispensável, na atualidade, para garantir a permanência no comércio mundial.

Importantíssima foi a criação do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) e os Conselhos Municipais e Intermunicipais de Sanidade Animal, incorporando de fato a sociedade na luta contra as doenças e pragas que assolam a agropecuária.

Tudo isso foi em vão em outubro do ano passado, simplesmente porque o governo do estado se arrogou no único agente da defesa sanitária, praticamente ignorando a participação da sociedade. E o resultado foi o grande prejuízo dos pecuaristas que deixaram de vender seus bois e seus suínos, tiveram de jogar fora milhões de litros de leite e viram os preços dos seus produtos despencarem.

Não queremos que isso ocorra novamente, e para tanto é vital não descuidar um só momento. É preciso vacinar todo o gado que estiver na idade adequada. Mais ainda, toda a sociedade deve pressionar as autoridades para que elas façam a sua parte, seja no município, no estado ou no país.

O sistema de defesa sanitária agropecuária deve começar, no município, pela conscientização de suas autoridades e sua população. Ao governo do estado cabe o dever de manter uma vigilância rigorosa não apenas internamente, mas também em suas divisas para evitar a entrada de animais contaminados. Ao governo federal cabe prover recursos para que a defesa seja eficiente em todo o país, especialmente nas nossas fronteiras, por onde certamente entrou, no Mato Grosso do Sul, o vírus da aftosa que tantos prejuízos nos trouxe nesse último ano.

Que esta campanha seja um recomeço e que todos os agentes – pecuaristas, industriais e autoridades – estejam imbuídos de um propósito sério e firme de recuperar o status de estado livre de aftosa, reconquistando os mercados que perdemos e avançando ainda mais. A pecuária é um setor importante demais, responsável por milhares de empregos, para ser negligenciado.

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