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É cada vez maior o número de crianças diagnosticadas com o chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA), popularmente conhecido como autismo. Estimativas de 2014, divulgadas em 2018, já apontavam que uma a cada 59 crianças está dentro do que se considera o transtorno. Os dados são de um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CD) dos Estados Unidos. O mesmo relatório apontava uma a cada 68, em dados de 2012, divulgados em 2016. O que isso quer dizer? Que o autismo está, de fato, em mais crianças da nossa sociedade?

Não necessariamente. Explico: indícios leves de autismo passaram, nos últimos anos, a serem classificados dentro do TEA, inflando, de certa forma, as estatísticas que antes consideravam apenas os casos mais graves. Entre os aspectos mais leves, estão dificuldades na fala, comportamentos inadequados, que são potencializados com atitudes mais agressivas quando o transtorno alcance graus mais graves. Então, não há motivo para pânico ou desespero. Pelo contrário: há muitas esperanças.

O preconceito enfrentado pelas crianças autistas já é grande o suficiente para que seu desenvolvimento se dê de forma demorada

E uma delas se chama Modelo Denver de intervenção precoce, um método criado nos EUA há algumas décadas e há pouco tempo no Brasil e no Paraná. O que preconiza esse modelo é o diagnóstico precoce e o rápido tratamento a fim de potencializar o desenvolvimento infantil, baseando-se sempre no que é natural. Os aspectos a serem trabalhados obedecem ao ciclo de desenvolvimento da criança no suporte à socialização e na minimização de sintomas como dificuldades de interação, problemas cognitivos da fala e da coordenação motora, além de muitos outros.

Em Londrina e no Norte do Paraná, temos tido excelentes resultados ao criarmos estratégias terapêuticas para que cada criança consiga desenvolver o que ainda não desenvolveu, de acordo com as competências e habilidades esperadas para aquela faixa etária. Afinal, o preconceito enfrentado pelas crianças autistas já é grande o suficiente para que seu desenvolvimento se dê de forma demorada. Por isso a importância de se ter profissionais capacitados e especializados a fim de que o diagnóstico seja realmente precoce. Em consequência, o tratamento se inicia rapidamente e os ganhos são graduais. Ás vezes, acelerados. Quanto mais cedo, melhor os resultados.

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O trabalho passa não apenas pelas especialidades envolvidas no processo de diagnóstico e tratamento, como a neuropediatria, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, entre outros. Mais que isso, é preciso que a família e a escola abracem a causa no sentido de mergulharem no conhecimento sobre o assunto para poderem oferecer à criança os principais e mais importantes ambientes totalmente preparados para as suas necessidades. É em casa e na escola que a criança pode ter ganhos no desenvolvimento, seja brincando, seja estudando. Mas, para que isso ocorra, pais, professores e equipe pedagógica devem estar preparados e formados com curso de capacitação.

Hoje já temos tecnologia e conhecimento suficiente para tornar a vida de uma criança autista o menos traumática e sofrida possível. Só precisamos continuar seguindo em frente com passos sólidos e firmes. Por isso, nesse Dia Mundial do Autismo, temos mais a comemorar do que lamentar.

Eliane Guerra é fonoaudióloga pela Universidade Norte do Paraná (Unopar), especialista em psicopedagogia, realizou cursos sobre dislexia pela Associação Brasileira de Dislexia (ABD).
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