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É sabido que o Brasil sofre de problemas cruciais em todas as áreas de atuação do Estado, como saúde pública, educação, segurança, concentração de renda, imposto sobre grandes fortunas e meio ambiente

Num momento próximo de eleições, era de se esperar que o debate político contivesse propostas inovadoras, no sentido de superar os tradicionais e graves problemas que atingem a realidade social brasileira, aguardando que os candidatos, movidos por desejos de transformação, fossem discuti-los aberta e publicamente. No entanto, não é isso o que tem acontecido.

Isso não obstante, para compreendermos com mais precisão o porquê da ausência dos grandes temas políticos que pudessem tornar mais atrativo o debate eleitoral e com isso motivar mais os eleitores, necessário se faz remontarmos aos estilos tradicionais que têm orientado o comportamento dos líderes políticos nacionais, há longo tempo, bem como, mais próximos de nós, a influência dos recentes governos de Fernando Henrique e Lula.

Assim, a partir de uma reminiscência mais remota, tem-se observado na atitude dos políticos, desde o advento da República no Brasil (1889), a recorrência a certo despotismo esclarecido que não tem tido quase nada a ver com as repercussões sociais de seus atos. Assim foi com a República Velha, o Estado Novo, a Nova República de Tancredo Neves e assim tem sido até hoje.

Ora, ao analisarmos o atual momento eleitoral, a poucos dias do pleito, observa-se que os dois principais candidatos têm demonstrado uma forte dependência às suas origens, não tendo apresentado nenhuma proposta mais ousada que pudesse contrariar o status quo imposto pelos seus predecessores, acrescido do risco igual de não ter tais propostas aceitas, ou, pior ainda, criticadas, perdendo com isso muitos preciosos votos.

Contudo, é sabido que o Brasil sofre de problemas cruciais em todas as áreas de atuação do Estado, a começar pela saúde pública, educação, segurança, concentração de renda, imposto sobre grandes fortunas, saneamento e meio ambiente, temas que, quando referidos pela mídia, recebe dos candidatos os argumentos tradicionais de falta de recursos, necessidade de novos ministérios, soluções a longo prazo etc., numa retórica de mais burocracia e domínio estatal.

Isso é sintomático do lado da candidata majoritária nas pesquisas, a partir de suas declarações, "que não vale a pena se imiscuir em temas polêmicos", como aquele do tamanho exagerado do Estado brasileiro controlando a maioria das atividades econômicas relevantes no país, ao mesmo tempo que nos brinda com a falsa ideia de que quanto mais intensa for a estatização, melhor será para todos os brasileiros, pois tal política parece ter dado certo no governo de seu patrono, o presidente Lula.

Dessa forma, tudo parece levar a crer que, seja com quem quer que vença as eleições, continuaremos a conviver com a eterna ausência de uma ação política transformadora que pudesse nos dar esperanças mais realistas de solução dos graves problemas sociais e políticos que nos afligem, dando prioridade a alguns deles.

Em resumo, muito pouco nos aguarda depois dos resultados desse pleito, pois tudo leva a crer que o Brasil continuará movido por fortes apelos de desenvolvimento econômico, mas muito pouco de modificação de nossas perversas estatísticas sociais.

Antonio Celso Mendes, mestre e doutor em Direito Público, é professor da PUCPR.

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