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Janja
Janja e Lula.| Foto: Enrique Garcia Medina/EFE

O Brasil nunca perde a chance de inovar, nunca tivemos uma primeira-dama tão influente no governo como a Janja, que ora age como uma “Evita” de Perón, outrora como Cristina Kirchner e, no resto do tempo, se ocupa no papel de digital influencer, estilo Felipe Neto, discute e opina tudo em suas redes sociais, até memes envolvendo ministros.

Até o momento, tudo que o governo Lula III ofereceu à população são lançamentos de programas velhos e que não tiveram sucesso no passado, como por exemplo, Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – campeão da história de desvios de recursos públicos – e o Auxílio Brasil, que voltou a ter o nome de Bolsa Família. Ou seja, oito meses depois e o governo não fez uma inovação concreta. Para piorar, nas relações exteriores, nos reaproximamos de ditaduras da América Latina e, agora, voltamos a injetar dinheiro nelas, como a compra de energia da Venezuela e investimentos em Cuba. Em outros termos, tudo de volta.

Enganou-se quem esperava outra coisa. Lula ganhou a eleição falando exatamente o que está fazendo.

A Bolsa de Valores, no Brasil, que vivia um verdadeiro clima de otimismo, agora é de velório. Nunca antes na história desse país tivemos tanta fuga de capital estrangeiro da Bolsa e 13 pregões seguidos em quedas. Parte da mídia tradicional vende que o problema é a economia da China, mas a economia chinesa sempre é algo subjetivo e já há algum tempo dava sinais de desaceleramento. Portanto, estamos sempre olhando para o quintal do vizinho, não para o nosso. Além do mais, a paralisação de algumas pautas econômicas contribuiu para esse cenário, diminuindo o fôlego dos investimentos no país.

O governo até o momento não tem base consolidada no Congresso Nacional, não apresentou um grande projeto de país sobre educação, desenvolvimento, infraestrutura, saúde, planejamento, Reforma Tributária. A Reforma Tributária, aliás, não foi um projeto do governo, na verdade, votaram um projeto que tramita há três décadas no Congresso. A votação foi mais uma reação de parte da sociedade organizada e do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP/AL), do que uma iniciativa do atual governo.

Por mais que uma parte da mídia e sociedade se negue a dizer e criticar, nitidamente, há uma falta de rumo e projeto ao país. Como chegaremos em 2024, 25 e 26? O ministro da Fazenda não sabe responder, a do Planejamento muito menos e o presidente, então, só sabe comentar política internacional, de forma desastrosa, geralmente em viagens com a primeira-dama em hotéis luxuosos, dignos de realeza, bilionários e artistas internacionais consagrados.

Mas se voltarmos nos anos entre 2003 e 2015, vivíamos exatamente essas mesmas questões. Muitos projetos no papel e no marketing do governo, mas na vida real, pouquíssimos. Portanto, não há nada de novo no atual governo ou que não tenha sido dito durante a campanha. Enganou-se quem esperava outra coisa. Lula ganhou a eleição falando exatamente o que está fazendo.

O Brasil precisa urgentemente de líderes capazes de entender a dimensão do país, sua complexidade e realidades diferentes. Somos um país diverso, com uma boa parte da população pobre, sem acesso à saúde e educação de qualidade, sem contar a falta de infraestrutura e mobilidade urbana. O atual governo segue sem dar sinais de que vai buscar uma governança que pacifique o país, segue pregando a divisão do país em classes, raças, regionalismo e trabalhadores. Nos cabe neste momento, além da crítica, torcermos para que o país não caia em uma crise global ou interna. Precisamos ser um só Brasil.

Horácio Lessa Ramalho é cientista político e consultor em Relações Governamentais.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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