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A economia brasileira atravessa um dos momentos mais difíceis de toda a sua história. Vários erros de política econômica foram cometidos desde o segundo mandato do governo Lula e começamos a sentir as consequências com mais força a partir de 2014, sendo que a economia tem andado para trás desde então.

Certamente já temos mais uma década perdida em nosso currículo e poderemos ter duas, caso não ocorra uma maior união da classe política e da sociedade brasileira. Com a troca recente de presidente, ficou claro que o racha político é profundo e que muito esforço será necessário para que algum consenso possa ocorrer e, dessa forma, possamos colocar novamente o país nos trilhos.

O ajuste mais importante que falta ser feito, no curto prazo, é o fiscal

Por um lado, a crise já começou a fazer parte do ajuste necessário, pois o desemprego vem segurando o salário real e, dessa forma, a inflação. Adicionalmente, o maior grau de aversão ao risco vem reduzindo a alavancagem de empresas e famílias. Algumas medidas adotadas pelo ex-ministro Joaquim Levy também foram importantes, pois algumas distorções foram corrigidas, sobretudo a inflação que estava represada, além do destaque que foi dado à necessidade do ajuste fiscal e da maior necessidade de transparência nas contas públicas. A redução da demanda interna e a depreciação do real também têm ajudado na parte externa, com uma melhora significativa na balança comercial brasileira nos últimos meses, reduzindo o risco de fuga de capitais e de depreciação da nossa moeda.

O ajuste mais importante que falta ser feito, no curto prazo, é o fiscal. Uma redução dos gastos e a realização de reformas que apontem para a estabilidade da relação dívida/PIB levariam a um maior controle inflacionário e estabilidade macroeconômica, acelerando o processo de redução dos juros, com efeitos positivos na dinâmica da dívida e nas expectativas dos agentes, o que seria suficiente para levar a economia a uma trajetória de crescimento a partir de 2017.

A classe política precisa pensar um pouco mais na sociedade que eles representam, deixar as diferenças de lado e começar a trabalhar para que o ajuste fiscal seja realizado e, dessa forma, para que a retomada dos investimentos possa ocorrer já em 2016. A Lava Jato traz um pouco de instabilidade, mas espero que tenha vindo para ficar, pois ela reforça as instituições brasileiras, reduzindo o nível de corrupção e as mazelas que ela traz consigo no longo prazo.

A sociedade brasileira precisa entender que sacrifícios são necessários no curto prazo para que o país possa encontrar a rota de crescimento sustentável. Espero que tenhamos aprendido algo com as políticas populistas da última década e que exista a percepção de que estamos pagando um preço alto pelo nosso pensamento de curto prazo.

Para que ocorra uma melhora no padrão de vida de forma sustentável, é preciso um planejamento de longo prazo. Para isso, cada cidadão precisa votar analisando bem os candidatos que se preocupam com o bem-estar social e com uma plataforma que favoreça o crescimento de longo prazo através de reformas importantes.

Luciano Nakabashi, doutor em Economia, é professor da FEA-RP/USP e pesquisador do Ceper/Fundace.
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