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 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Eu estive em todo o mundo. Sobrevivi a temperaturas de -40 ºC no Alasca. E o maior frio que eu já senti foi no Brasil – aqui em Curitiba, para ser exato. Como isso é possível?

É possível porque na maioria dos lugares as pessoas estão prontas para o frio. Mas os curitibanos não estão. É possível porque a maioria das casas no Sul do Brasil é construída sem quaisquer paredes com isolamento térmico, aquecedores ou fontes de calor interno de qualquer tipo. Elas têm enormes buracos nas portas e paredes e muitas janelas viradas para o sul apenas esperando a chegada do vento frio

Todo inverno, temos uma série de ondas de frio que nos lembram da proximidade da Antártida

É por isso que, todo inverno, temos uma série de ondas de frio que nos lembram da proximidade da Antártida e também tornam a vida muito desagradável para a gente do Sul do Brasil. Na mais recente, vi os preços do café subirem 30% e soube que morreram algumas pessoas que não tinham o luxo de viver com um teto sobre suas cabeças.

No meu quarto, as coisas ficaram tão ridículas – 10 graus lá fora, 10 graus dentro de casa – que tive de sair para comprar um aquecedor em uma loja. Agora, graças a ele, a temperatura interna subiu para 15 graus. O sofrimento com o frio me forçou a comprar um aquecedor. Temos mesmo de viver assim? Eu acredito que não. E isso poderia ser resolvido com bastante facilidade: basta construir casas adaptadas para resistir ao frio.

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Nossas convicções: A finalidade da sociedade e o bem comum

Os brasileiros gostam muito de me perguntar se o Brasil é um país do terceiro mundo ou de primeiro mundo. Ultimamente, tenho me perguntado: por que não mostrar que o Brasil é um país desenvolvido construindo casas melhores? Isso significa residências com uma fonte de calor interna, com grandes janelas duplas voltadas para o norte; casas herméticas, com isolamento térmico nas paredes, sem grandes aberturas ou espaços vazios convidando o vento a vir. Casas com grama em seus telhados, se necessário (mas isso ainda é um conceito um pouco futurista). Só então o nosso sofrimento irá parar.

Quanto isso vai custar? Não muito. E pensem em toda a energia que será economizada!

Rick Ruffin é escritor e tradutor norte-americano radicado em Curitiba.
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