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Um estudo recente divulgado pelo instituto Datafolha revela o que muitos já sabíamos. A qualidade da saúde pública no país não agrada aos brasileiros – ao menos a 87% deles, que disseram desaprovar o Sistema Único de Saúde (SUS). São comuns os casos de pessoas reclamando de esperas de horas em filas de postos de saúde e hospitais. Com a repercussão das redes sociais, essas histórias vêm à tona quase que diariamente. São pessoas morrendo em centros médicos antes mesmo de terem acesso ao atendimento.

Em Curitiba mesmo, em junho, uma mulher de 37 anos morreu na porta da Unidade de Saúde do bairro Fazendinha enquanto esperava atendimento. Sofrendo de dores na cabeça e no peito, ela esperou por um médico durante quatro horas, até que não resistiu e faleceu na calçada da unidade de saúde. Diante deste cenário não é de se espantar o resultado da pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Faltam médicos, equipamentos de ponta, estruturas aptas a receber o cidadão e investimento em matéria-prima para tratamentos

Os 2.069 entrevistados durante o mês de agosto também foram questionados sobre as notas atribuídas ao atendimento do SUS. O resultado apontou que 20% deram nota zero tanto para o SUS quanto para a saúde pública brasileira. De acordo com os entrevistados, o que mais incomoda são as longas filas de espera por atendimento (29%) e a dificuldade de acesso a consultas e cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (36%).

Devido às más administrações, faltam médicos. E também equipamentos de ponta, estruturas aptas a receber o cidadão e investimento em matéria-prima básica para vários tipos de tratamento. Não é novidade para quem acompanha minha trajetória política que a saúde é a principal bandeira que defendo. Só no primeiro semestre deste ano apresentei 26 projetos voltados à melhoria da saúde pública de nosso estado. Como homem público e líder da Frente Estadual de Saúde e Cidadania, considero fundamental cobrar do governo, em todas as esferas, as melhorias no Sistema Único de Saúde.

Acredito que é possível e necessário investir no SUS, por meio de soluções práticas. Uma delas passa pelo investimento no quadro de funcionários, que é notoriamente deficitário na maioria das regiões do país. A modernização também é um caminho, permitindo aos usuários mais interação e menor espera em filas para conseguir agendar uma consulta. Mas o principal caminho é adotar medidas que privilegiem a chamada “atenção básica”, que é a saúde preventiva realizada por equipes multiprofissionais.

Agora, no início de outubro, protocolei um requerimento junto ao governo federal questionando a falta de equipamentos adequados para atender aos pacientes com câncer de mama, no Hospital de Clínicas. Ao menos oito pacientes graves sofrem sem poder realizar exames. E isso em pleno Outubro Rosa, mês mundial de conscientização sobre os riscos do câncer de mama. Também já fiz e voltarei a fazer, se preciso, cobranças parecidas aos governos municipal e estadual.

Além dos parlamentares, também cabe aos usuários do sistema uma cobrança do poder público. Mas 41% dos que responderam a pesquisa do Datafolha disseram estar aguardando uma resposta do Sistema Único de Saúde há mais de seis meses. Acredito que, apesar da leniência das respostas, só questionando quem está no poder e cobrando posturas firmes e dignas de nossos governantes poderemos começar a mudar este cenário para, quem sabe, um dia este porcentual da pesquisa se inverter e passarmos a aprovar o sistema de saúde oferecido à população. Nada mais justo; afinal, o povo paga por esse serviço com seus impostos e, também por isso, tem o direito de ser melhor tratado.

Ney Leprevost é administrador e deputado estadual.
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