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Novembro Negro: racismo é a ferida que não se fecha
| Foto: Unsplash

Ser negro no Brasil é uma luta permanente pela sobrevivência, contra o homicídio, o genocídio e a negação da sua cultura, dos seus direitos de ser você. É uma luta permanente pela sobrevivência por causa do racismo estrutural e também institucional. Quando você faz parte de uma minoria, não tem um dia que se passe sem sofrer uma violência. Toda vez que essa ferida está perto de cicatrizar, algum novo episódio acontece e a abre novamente. Ser negro no Brasil é lutar, todos os dias, porque o racismo está presente em todos os espaços da sociedade.

É importante celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra porque essa data marca a luta e a resistência contra o racismo estrutural que persiste na sociedade brasileira. E o Novembro Negro celebra a luta da população negra representada por Zumbi dos Palmares, Dandara, Nelson Mandela e outros tantos negros e negras que lutaram pela vida dessa população que é a mais prejudicada, principalmente nesse momento de desmonte da proteção social, desmonte dos direitos conquistados com luta, sangue e também com esperança.

A data serve para marcar espaço, para dizer que o povo negro está vivo e continuará vivo na luta por reconhecimento, moradia, saúde, educação, na luta por esses direitos com qualidade, e também que o povo negro continuará lutando para ocupar os espaços de poder. É um dia para tomarmos consciência dessa realidade desigual, violenta, racista e tantas outras discriminações que violentam principalmente as minorias.

Somos um país racista para 60% das pessoas e 51% delas já presenciaram atos de racismo de acordo com a pesquisa Percepções sobre o racismo no Brasil, que percorreu 127 municípios de Norte a Sul no primeiro semestre deste ano. O resultado foi publicado em julho pela Agência Brasil. Segundo os participantes do estudo, o racismo surge, principalmente, por meio da violência verbal, como xingamentos e ofensas (66%). Outras manifestações são o tratamento desigual (42%) e a violência física, como agressões (39%). Por isso e muito mais, o Dia da Consciência Negra é Dia de Luta.

José Cristiano Bento dos Santos é professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Câmpus Londrina, na área de Direitos Humanos. É também participante da Pastoral Afro-Brasileira do Paraná e da Arquidiocese de Londrina. Coordenador e Professor da Escola de Doutrina Social da Igreja - Arquidiocese de Londrina.

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