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A competitividade do país é a materialização da sua criação de valor como sociedade. Um país é competitivo se possuir uma massa crítica de empresas competitivas

Glauco Arbix, membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia destaca que: "O Brasil precisa inovar e a universidade pode ajudar nisso". A inovação passou a ser o calcanhar de Aquiles do desenvolvimento, não se resumindo à inovação tecnológica de ponta, porquanto, a inovação baseada em conhecimento novo é a que historicamente demora mais tempo a se obter retorno, e somente produz resultados sustentáveis, na medida em que esteja conectada com o mercado e gere utilidade para os consumidores.

Há muitas formas de se conseguir a inovação com as tecnologias já conhecidas e dominadas, e para isso existe uma inovação estratégica, ao se saber criar valor, ampliando ou abrindo novos mercados. Alguns estudos têm mostrado que as ofertas médias de produtos, isto é, com preços médios e com características médias, estão saturadas. As demandas mais crescentes estão nas posições extremas do mercado; num extremo, estão as ofertas simples, porquanto os consumidores não precisam de tantos acessórios e complexidades e, no outro, estão as ofertas de produtos e serviços de alta complexidade e tecnologia. As ofertas de "centro" já não mais se diferenciam uma das outras, gerando a fragmentação do mercado e negócios de baixos retornos financeiros.

A inovação deve estar atrelada à utilidade, não simplesmente à tecnologia de ponta, pois somente há geração de valor ao serem alinhados os produtos, os processos e as pessoas às necessidades da sociedade.

O empreendedor se sobressai com a inovação, ao oferecer um produto de valor agregado ao consumidor, diferenciando-se por não ser tóxico, por ser reciclável, por ser mais atrativo, por ser mais funcional, pela sua condição de entrega, por ser mais amigável no uso, entre outras possibilidades.

A Embraer inovou no mercado de aviões a jato ao perceber que todos os fabricantes de aviões estavam desenvolvendo modelos de maior capacidade, o que acarretava, conforme Ozires Silva, o uso em aeroportos com pistas grandes. Por isso surgiu a pergunta: e as cidades médias e pequenas vão ficar sem conexão por avião? Como resposta a Embraer se posicionou estrategicamente fabricando aviões a jato de tamanho médio que atendessem a essas cidades. Hoje a Embraer é a terceira maior fabricante de jatos do mundo, depois da Boing e da Airbus, e a origem foi uma ideia. Ideia que não se concretiza sem a tecnologia, sem pessoas capacitadas, mas a ideia foi decisiva. Sem dúvida é necessária a inovação tecnológica, mas o posicionamento do negócio é o que dá vantagem competitiva sustentável.

O futuro da nossa sociedade está ligado à sua visão de futuro, e esse futuro será mais satisfatório por meio do aumento da sua competitividade. É evidente que, para atingir esse melhor posicionamento no futuro, é necessário criar com a ajuda das universidades um conceito adequado de competitividade, de qualidade de vida e de bem-estar, o que não significa simplesmente enriquecer, mas, sobretudo, buscar um bem viver e um viver melhor.

A competitividade do país é a materialização da sua criação de valor como sociedade. Um país é competitivo se possuir uma massa crítica de empresas competitivas. O pesquisador Tomás Calleja propõe que "a sociedade pode ser considerada como competitiva, pelo conhecimento que tem e produz, pelo prestígio das suas universidades, pela presença das suas empresas, pelo nível dos seus profissionais, pela vinculação com a sua história, pela importância da sua cultura e pelo espírito de cooperação com que aborda as suas iniciativas".

Pode-se pensar em um modelo de sociedade, apoiando-se em primeiro lugar na história do país ao proporcionar um orgulho saudável a fim de se compartilhar uma visão de futuro próspera; em segundo lugar, ao valorizar os aspectos culturais que nutrem a alma deste modelo, pois cada nação deve se sentir chamada a dar o melhor de si própria, por meio de uma missão significativa, em termos de contribuição para este mundo em que se vive, e dos valores, crenças e princípios compartilhados entre os seus concidadãos. Uma terceira categoria refere-se à estrutura do próprio Estado e a solidez das suas instituições e, por último, destaca-se a vocação de cada país que pode ser definida, de acordo com Calleja, como "a vontade coletiva de representar um papel para continuar a história e para fazer história e uma maneira de olhar o futuro desde a plataforma construída no passado".

Cumpre à universidade aprimorar o conhecimento e o capital humano dos seus cidadãos para realizar um modelo de sociedade inovadora.

Paulo Sertek, doutor em Educação pela UFPR, professor da FAE-Centro Universitário e autor dos livros: Responsabilidade Social e Competência Interpessoal; Empreendedorismo; e Administração e Planejamento Estratégico. Consultor da Bellatrix Gestão em Planejamento e Marketing.paulo-sertek@uol.com.br

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