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Em 2010, a nossa gestão deparou-se com o seguinte quadro: o Estádio Couto Pereira havia sido interditado por dez jogos – punição pelos lamentáveis episódios, diante do rebaixamento do clube, em dezembro de 2009. Além disso, havia uma pesada multa a pagar. No âmbito administrativo, tomamos conhecimento de que a situação do clube era grave: uma dívida declarada de R$ 76 milhões, exigível a curto prazo; 356 títulos protestados e inúmeras execuções trabalhistas, fiscais e cíveis. E a triste realidade: o time estava na segunda divisão, havia perdido todos os patrocínios e 50% da receita da televisão.

Gradativamente, estruturamos toda a dívida fiscal, trabalhista e cível. Ao mesmo tempo, tivemos a coragem de reconhecer em balanço todos os esqueletos existentes no clube, ao longo de sua história. Nesse período de reformulação, o Coritiba foi reconhecido publicamente como quinto clube mais transparente do Brasil. Dentro desse processo, recuperamos e acrescemos o patrimônio do clube, que estava degradado; começamos dando legalidade ao Estádio Couto Pereira com todos os laudos exigidos por lei. Assim, com essas melhorias, aumentamos a capacidade do estádio para cerca de 40 mil espectadores.

Em cinco anos de gestão (2010-2014), eliminamos todas as execuções trabalhistas e fiscais. O Coritiba foi o primeiro clube do Brasil a negociar com a União os seus débitos fiscais, reconhecendo todas as dívidas em processos judiciais e administrativos. Tivemos inúmeras vitórias no campo jurídico, que geraram ao clube a eliminação de mais de R$ 60 milhões de prejuízos e riscos incalculáveis.

Reportando-nos ao presente, os novos mandatários do clube, quando se referem à mencionada dívida herdada de R$ 204 milhões, pecam pelo conceito. Precisamos esclarecer, uma vez por todas, que esta dívida está estruturada no curto, médio e longo prazos. Isso nada mais é do que a estruturação legal e contábil da dívida, que atende às exigências do Conselho Federal de Contabilidade e aos preceitos de auditoria independente.

O importante a esclarecer é que a nossa gestão, em 2010, assumiu o valor declarado e informal de fluxo de caixa negativo de R$ 26 milhões; e dívidas de curtíssimo prazo de R$ 140 milhões, depois da estruturação com a Receita Federal. Lembro que, naquele momento, estávamos com o estádio interditado, praticamente sem receitas, com apenas 2,5 mil sócios e sem patrocínios.

Hoje, quando encerramos a gestão, deixamos para o clube e a nova administração contratos garantidos, para os próximos três anos, da ordem de R$ 150 milhões. A dívida está estruturada e alongada. No caso da dívida fiscal, 50% serão pagos em 15 anos; e o restante, em vias de publicação do alongamento por meio da Lei se Responsabilidade Fiscal do Esporte.

Nos últimos cinco anos, conforme comprovação dos balanços, fizemos R$ 148,7 milhões de investimentos no clube. A saber: R$ 40,5 milhões na base; R$ 30 milhões na infraestrutura do estádio e centros de treinamentos; R$ 37,9 milhões na administração do passivo; e, na elevação dos direitos econômicos dos atletas de 10% para 56%, R$ 40,3 milhões.

O futebol representa o amor e a paixão do torcedor. Quando assumimos, em 2010, prometemos sacrifício, suor, lágrimas e trabalho. Lutamos no campo. E muito. Graças ao esforço conjunto, conquistamos 21 títulos e reformamos os estatutos, que culminaram com as eleições democráticas do último dia 13. Temos, hoje, quase 25 mil sócios e somos referência no Brasil e no exterior. Realizamos o sonho de 40 anos de nossa torcida, com a construção do Setor Pro Tork. Profissionalizamos o clube em todas as áreas e o dotamos com as melhores tecnologias de ponta. Graças ao apoio da torcida, jogadores e comissão técnica, cumprimos a nossa obrigação de manter o time na primeira divisão.

Tudo valeu a pena. Este é o legado que deixamos. O Coritiba acima de tudo e de todos!

Vilson Ribeiro de Andrade foi presidente do Coritiba Foot Ball Club entre 2010 e 2014.

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