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A tendência do aumento de desastres socioambientais é significativa na sociedade em que vivemos. Avaliamos projetos de impacto ambiental, muitas vezes, sem o cuidado de compreender as mudanças que ocorrerão na região e sem avaliar se efetivamente vale a pena o projeto ou se ele pode resultar em um elevado custo no futuro. Para a economia, o melhor preço não é, necessariamente, a melhor alternativa. A melhor opção é a que gera maior valor, conceito que envolve expectativa de consumo presente e futuro. Algumas alternativas podem ser mais custosas no presente, mas apontam para mais resultados futuros. Basicamente, o raciocínio é: estamos utilizando um recurso para fabricar este bem; este bem vale tanto quanto o recurso que eu estou utilizando ou posso empregá-lo de outra forma? Esta pergunta está associada ao que denominamos de custo de oportunidade. Enquanto não avaliarmos efetivamente o custo de oportunidade das nossas ações, com a visão mais voltada para o longo prazo, continuaremos a testemunhar, com mais freqüência, desastres como o rompimento da barragem da mineradora Rio Pomba Cataguases, que provocou o vazamento de lama de bauxita em rios da região de Miraí, na Zona da Mata mineira, e do noroeste fluminense, no dia 10 deste mês.

Temos de pensar mais no longo prazo, afinal qual é o custo de uma vida, quando um desastre ocorre? Qual o custo de recuperação de uma cidade, com lembrança e história transformada em barro? Isso não tem preço e não é uma afirmação sensacionalista. Economicamente não tem preço porque, como comentamos, só tem preço aquilo cujo produto tem, pelo menos, tanto valor quanto os recursos. O dinheiro nunca terá mais valor que a vida. Sem vida, o recurso financeiro não tem valor algum.

O custo econômico de um desastre socioambiental é muito grave e deve ser considerado, cada vez mais, em nossas análises. Assim como há menos de duas décadas, ao comprar uma casa ou investir em um negócio, a nossa preocupação com equipamentos de segurança não era como a de hoje, ainda vivemos alheios ao que fazer sobre esses desastres. Muitas vezes os consideramos como resultados de ações naturais, enquanto, na realidade, são frutos, muitas vezes, de intervenções equivocadas do homem no meio ambiente, cujos impactos tornam-se também sociais.

Como no caso da segurança, a tendência é ter cada vez mais exemplos próximos desses desastres e começaremos a ver que esses desastres também podem acontecer na nossa vizinhança. Por isso, a melhor alternativa é termos uma avaliação econômica bem criteriosa de nossas ações no meio ambiente, cercando-nos das alternativas técnicas possíveis para tomarmos a decisão baseada no que é melhor, também, para a sociedade no futuro. Essa é a verdadeira responsabilidade socioambiental de qualquer empreeendor. Ao Estado cabe o poder de polícia, para que possamos ter notícias melhores no futuro e possamos conviver de forma mais harmoniosa com o meio ambiente, sem agredi-lo para que ele não reaja, como vem acontecendo. Agir no presente pensando no futuro é um bom caminho para termos dias melhores.

Christian Luiz da Silva é economista, pós-doutor em Agronegócios pela USP e professor do mestrado em Organizações e Desenvolvimento da UniFAE Centro Universitário.

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