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Político não pode ensinar política. Mas acaba fazendo-o pelo exemplo. Risco de perpetuação de vícios. Político não deveria ser profissão, mas serviço temporário e, de preferência, gratuito. Política é ciência que deve ser ensinada em estabelecimentos de ensino em todos os graus, mas, especificamente, em cursos de formação de políticos, em grau superior. O político pode formar-se na escola da vida, mas antes de entrar na política. Seu passado deveria ser a certidão negativa de corrupção.

Nas escolas fundamentais e de ensino médio, os alunos devem receber ensinamentos de política. Os princípios de política democrática devem ser do conhecimento de todo cidadão. São tão importantes quanto os conhecimentos da Matemática, quanto o conhecimento de História, de Física, para citar algumas ciências.

No programa de ensino de política, na há espaço para partidarismo, porque o partido é opinativo, subjetivo ou pertinente a um grupo. Não se falará de PSDB, nem de PT, nem de PV, nem de PSol. A escola ocupar-se-á da política, como um conjunto de princípios adotados por uma sociedade para se organizar. Não se ocupará, pois, de políticos. A política é doutrina, é ciência, é direito, é organização da sociedade, é, genericamente, a vida dos cidadãos.

Vai, portanto, muito além de eleições, de divisão do Estado em esferas políticas.

Já disse, em outra ocasião, que professor é o profissional que professa uma crença no ser humano, uma ética, uma concepção de mundo e de sociedade. Não é permitido a ele agir como partidário na sala de ensino, mas como político neutro em relação a quaisquer tendências político-filosóficas. Estimular a reflexão e a análise dos fatos. Refletir sobre o papel de cada um na sociedade.

É crime formar lacaios na sala de aula. Acima de tudo está a liberdade do ser humano de fazer suas escolhas. Temos, na qualidade de professores, de instrumentalizar o aluno para que tenha cultura que lhe possibilita escolhas legítimas, com responsabilidade e discernimento. Direcionar as mentes para este ou aquele viés da política é adestramento, admissível apenas para animais irracionais.

Seria a mutilação da razão, do livre arbítrio; a formação de falanges bem ao gosto dos tiranos. Professor, antes de fazer isso seria melhor ler a passagem da Bíblia que diz: "é melhor amarrar um pedra ao pescoço e se lançar no fundo do mar".

Já disse que faltam escolas de política. Onde são formados os políticos? Na "escola da vida", dizem. Conhecemos os políticos dos palanques onde se apresentam a cada quatro anos. Está chegando a época em que os políticos se parecem com gente comum: a campanha para a eleição. Faz gosto vê-los produzidos por profissionais da comunicação, anjos em carne e osso, fala enfática, focada no bem comum, gestos milimetricamente estudados; um desbunde. Depois, morcegos de subterrâneos, os que tiverem dinheiro para se eleger pela primeira vez vão se juntar aos outros na escola da vida deles.

Um escola sombria, dos subterrâneos. Aí são formados para a criação de negociatas. As principais disciplinas dessa escola: não sei de nada; como ganhar concorrências públicas; abertura de contas bancárias nos paraísos fiscais; princípios de criação de nichos eleitorais; técnicas elementares de cooptação, entre outras. Eis o rol das disciplinas básicas do currículo dessa escola.

Sem intenção de condenar pessoas, senão somente suas ações, porque, vira e mexe os políticos também acabam sendo subproduto dos sócios. A gente os elegeu! Temos culpa. Sim! Diante disso, ainda que tenhamos ânsia de vomitar, uma exigência fisiológica, temos de nos mexer!

Nessa perspectiva, resolvi a vocês, professores, para que se conscientizem de que é necessário agir! É urgente a formação de cidadãos éticos, dos quais sairão os políticos éticos. Fora disso, não há ilusão.

Venâncio Domingos Vicente é segundo presidente da Associação Paranaense de Administradores Escolares (Apade) em Curitiba

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