• Carregando...

Há algumas semanas a consultoria PricewaterhouseCoopers divulgou o compilado dos primeiros sete meses de 2012 no que diz respeito ao mercado de fusões e aquisições no Brasil. Mais uma vez, o setor registrou recorde no número de operações anunciadas, totalizando 467 transações, 12% a mais que em julho de 2011. Merecem destaque a existência majoritária de transações envolvendo aquisições (54%) e a crescente presença de capital estrangeiro envolvido, presentes em 184 operações, ou 45% do total. Esses dois dados, somados ao terceiro recorde consecutivo deste mercado desde 2010, demonstram que a nossa economia apresenta sinais de maturidade e uma boa atratividade para investidores estrangeiros, sendo ainda mais beneficiada pela conjuntura global, com a recessão americana e a crise na zona do euro.

Ainda assim, o mercado brasileiro requer ajustes e cautela para que este bom momento se sustente. O programa de investimento em logística anunciado pela presidente Dilma é uma boa notícia para as empresas brasileiras que buscam aporte financeiro internacional para crescer. Com grande foco na infraestrutura – historicamente um de nossos principais gargalos –, as ações compreendem concessões de rodovias, ferrovias e portos.

Isso não apenas motivará nossos empresários a produzir, exportar e investir em capacidade, mas também passa o recado ao mundo de que o Brasil se prepara para evoluir ao estágio de nação desenvolvida, com maior agilidade logística e capacidade de conexão entre o que é produzido e seu destino final de consumo. Essa postura governamental traz segurança a investidores internacionais que enxergam, além de um país mais estável política e economicamente, uma preocupação institucional em solucionar problemas estruturais. Entre outros impactos positivos, esta conjuntura de fatores pode, inclusive, impulsionar uma melhora no rating que as agências de classificação de risco atribuem ao país.

Voltando ao indicador que aponta as aquisições como maioria das transações neste mercado até julho deste ano, é importante ressaltar que este fator demonstra fôlego e dinamismo do mercado nacional, uma vez que as empresas estão tendo recurso em caixa para investir em seu crescimento. Dentro desse cenário, é preciso dar a devida atenção às micro, pequenas e médias empresas brasileiras, que juntas representam mais de 90% de nosso mercado.

Mesmo com poucas pesquisas e estudos divulgados sobre a parcela de transações de fusões e aquisições envolvendo esse segmento de mercado, é possível arriscar que elas são responsáveis por grande parte das operações compiladas nos relatórios como o divulgado no último dia 13. Ainda que representem números muito menores, eses negócios hoje contribuem de forma significativa para o dinamismo do mercado brasileiro e também estão no radar de grandes fundos internacionais.

Com o mercado interno aquecido, a profissionalização de pequenas e médias empresas, e a atenção do governo para gargalos estruturais em nossa economia, o Brasil se torna uma boa opção para investidores nacionais e internacionais. Cabe a nós planejar o futuro para fazer com que o momento dure além da próxima crise.

Adeodato Volpi Netto é CEO da Open Point Partners, empresa que atua no mercado de fusões e aquisições para pequenas e médias empresas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]