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A posteridade não é isenta nos seus julgamentos, premiando uns e outros ao curso das circunstâncias, das influências sociais, econômicas ou políticas, sem muito empenho a favor da autenticidade dos fatos e dos homens.

Estava no Instituto Histórico em conversa com meu confrade general José Chuquer Rodrigues, quando recebi, como régio presente, oito livros de autoria do general Garrastazu Médici, presidente do Brasil de 1969 a 1973, durante o regime militar.

Entre o manuseio dos volumes, Verdadeira Paz, Nossos Caminhos, O jogo da Verdade, o Chuquer, que em 1964 era cadete da Academia Militar das Agulhas Negras, começou a divagar sobre o seu comandante, o próprio Médici: "Pois nosso general, gaúcho de Bagé, teve uma atitude de ousadia e determinação durante a intentona de l964, quando muito influiu para o seu desfecho. Por ocasião da passagem das tropas do general Olímpio Mourão Filho, saídas, no dia 3l de março, de Juiz de Fora, em busca da deposição de Jango, Médici engajou seus cadetes junto aos revolucionários, numa decisão inédita, própria e atrevida.

Informados dessa situação, os defensores da legalidade arrefeceram seus ânimos, alegando que jamais entrariam em luta contra a briosa juventude de nossa pátria. E o encontro das facções, ao invés de fratricida, tornou-se uma patriótica comemoração fraterna. Um confronto sem batalhas, sem tiro, sem greve, sem protestos, e sem sangue, terminado em poucas horas com a renúncia de Jango, a rumar às pressas para o Uruguai.

Em Brasília, Ranieri Mazzilli assumiu o governo tendo o general Arthur da Costa e Silva como ministro da Guerra, enquanto Carlos Lacerda, integrante do grupo vencedor, indicou o general Humberto Castelo Branco como presidente temporário dos vencedores.

O futuro, entretanto, no uso e abuso de seus direitos proclamou que naquele dia 1.° de abril de l964 o Brasil ingressava em um novo período governamental, a vicejar daquela data até l982, sem qualquer hiato de interrupção.

Dos cinco presidentes militares, passaram para a história em ordem de sucessão os generais Castello Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo, devidamente julgados pela posteridade.

Revendo as páginas da história não posso deixar de colocar o general nascido em 4 de dezembro de l905 em Bagé, e presidente da nação de 30 de outubro de 1969 a l5 de março de 1974, em posição de destaque, ao lado de Castello.

A propósito, recordo sua saudação natalina à época em que governava: "Neste meu primeiro Natal na grande família de meu povo, peço a Deus que me ajude a ligar-me a todo homem para que possa levar a cada um o mesmo voto e a mesma dádiva que outrora eu só fazia ao conhecido, ao próximo, ao amigo, aos meus. O Natal, antes que o destino me impusesse a vida que eu não quis era-me então o tempo de expressar os caminhos de Jesus no fundo de minha consciência, tempo de felicitar e ser felicitado, de ser abraçado e abraçar, tempo de lembrar e ser lembrado."

"Nesta noite e neste dia de Natal, quero voltar-me primeiro para os de mim distantes. Não somente para os despercebidos, os ignorados, os anônimos, os silenciosos, os invisíveis, senão também os contrários, os discordantes os indiferentes e os crestados pela desesperança."

No plano econômico, o governo Médici foi distinguido por grandes realizações, ao qual se chamou "milagre brasileiro" uma vez que atingimos um PIB de 10% ao ano, quando ora empacamos nos 2,3%, em que pese o otimismo de Lula que espera 2,4%.

Com vistas à unidade nacional, construiu a Transamazônica, integrada a rodovias suplementares ligando as cidades mais importantes visando ao intercâmbio econômico.

Foi um governo de grandes obras, da ponte Rio– Niterói, das usinas nucleares e de Itaipu, marcos referenciais de nosso progresso.

"No meu governo não houve, não há, nem haverá coação por motivos puramente políticos. Mas também não haverá impunidade para atos de violência e de perturbação da ordem que contrariam o nosso espírito cristão, ferem nossas tradições de evolução e só abrem caminho para soluções de força. O caminho da liberdade é o caminho da lei." No período Médici, a nação precisava de sua autoridade, decisão e coragem para enfrentar a poderosa estrutura de insurgentes que, sob o comando de Carlos Marighella, insistia em panfletos, protestos, painéis, assaltos e movimentos armados no intento de diminuir, afrontar e desmoralizar a ação de um governo que reagiu como devia. Nosso atraso muito deve à impunidade e os senhores sabem disso.

Dia 8 de dezembro, dedicado à família, assim se manifestou: "Chefe de família, quero dizer aos muitos iguais a mim, a minha compreensão de que a família é o universo onde se realizam e se sublimam as formas essenciais do amor: amor entre o homem e a mulher, amor pelos filhos, o amor dos filhos, o amor dos irmãos, o amor de Deus. Encontro na família as sementes da continuidade, da educação de base e da promoção da pessoa humana, atentos ao anseio da perpetuação do indivíduo, à criação de hábitos indispensáveis à vida social e a plenitude psíquica e biológica em que a paternidade e a maternidade completam a realização integral do ser."

General de cavalaria, Emílio Garrastazu Médici, herói consagrado de nossa História, nasceu em Bagé em 4-l2-1905 e faleceu no Rio de Janeiro em 9-10-1985, pouco antes de completar 80 anos.

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