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O espaço é a linguagem corporal de uma empresa. Com ou sem intenção, a forma, a funcionalidade e o acabamento de um espaço refletem a cultura, o comportamento e as prioridades das pessoas dentro desta estrutura física. A ideia é de Chris Flink, da The Stanford D. School & Ideo.

Estamos intimamente ligados aos processos e às estruturas que foram desenvolvidos durante a Revolução Industrial. Sem aprofundar muito no tema, basta dizer que carregamos, até hoje, muito do modelo desenvolvido na época. Perceba a disposição das mesas, das cadeiras dos escritórios, das salas de aula, dos restaurantes, das bibliotecas e de quase todos os lugares nos quais as pessoas coabitam. A forma, a funcionalidade e o acabamento refletem a cultura da Revolução Industrial, o comportamento esperado na época de total submissão às regras e, principalmente, às prioridades. Você entra na empresa (colégio, faculdade), bate o ponto, senta em um lugar pré-estabelecido e foca nas tarefas que tem de fazer para cumprir prazos e alcançar resultados, muitos dos quais sem nem saber ao certo quais são.

Na economia criativa não podemos seguir os modelos fordistas ou tayloristas de produção

É inquestionável que o espaço molda o comportamento; portanto, quando redesenhamos um ambiente para que reflita e incentive um tipo de atitude e de conduta, quando repensamos as prioridades, como a colaboração em oposição ao isolamento intelectual, acabamos por desenvolver uma cultura favorável às demandas do mercado atual, como a tão falada inovação. Na economia criativa não podemos seguir os modelos fordistas ou tayloristas de produção. Fala-se muito na necessidade da inovação e da sustentabilidade para se manter competitivo no mercado, mas pouco se faz para estabelecer as estruturas físicas necessárias para que esse tipo de comportamento possa emergir – e essa deveria ser a prioridade.

Aliás, o pessoal da Universidade de Stanford tem elaborado estudos muito interessantes e tem criado conceitos inovadores sobre como a estrutura física contribui para o sucesso de uma empresa e como usar a disposição de um escritório para ampliar a colaboração entre as pessoas e gerar inovação. Para isso, eles propõem um ambiente flexível e algumas mudanças simples. E o melhor: com custo zero. Um exemplo útil é fazer uma reunião sentado no chão. Por mais simples que seja esta ação, e que até pode parecer absurda em muitas empresas, a questão essencial aqui é que, sentados no chão, sentimo-nos mais iguais e isso permite um diálogo com mais abertura. A colaboração e a criação não estão vinculadas a um ponto designado num espaço. Isso acontece no espaço como um todo e evolui através das pessoas, das perspectivas e de como nos relacionamos com o ambiente. Isso evita aquele pensamento “mas e se alguém não gostar?”. Toda ideia não compartilhada é um potencial inovador perdido.

Salas modulares são outro exemplo de espaço que serve para diferentes necessidades. A principal característica é ter tudo sobre rodas. Precisamos criar uma consciência de que o espaço pode e deve ser modificado, que nada lá dentro é dado como condição inicial e que, portanto, deva permanecer inalterado. O fato de tudo ter rodas nos diz que é permitido experimentar uma disposição diferente e, ao transformar um espaço, sentimo-nos cúmplices, e este é um bom passo para a colaboração. Inovação começa com permissão e, depois, estabelecem-se os parâmetros limitadores. Não o contrário.

Olhe ao redor e perceba a disposição do ambiente na sua empresa. Que tipo de comportamento, ações, atitudes e humor ele propicia? Seu espaço incentiva a reflexão e o isolamento – que também são importantes – ou a colaboração e a criação? Se isso despertou uma faísca de curiosidade em você, agora vá e transforme o seu espaço.

Gustavo Segui é gerente de Marketing do International School of Curitiba.
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