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Imagem ilustrativa.| Foto: Bigstock

Indo direto ao ponto: não, não é um problema produzir uma vacina de forma rápida. O tempo médio para o desenvolvimento de uma vacina tem sido de quatro ou cinco anos – algumas delas exigiram dez anos –, mas hoje nós temos conhecimento, tecnologia e infraestrutura para reduzir esse prazo. Essas vacinas para a Covid-19 serão, sim, finalizadas em tempo recorde; só resta sabermos qual será o recorde.

O excesso de informação e a falta de controles e filtros causam medo e preocupação nas pessoas. Às vezes, isso é pior que os efeitos colaterais que todas as vacinas já existentes podem provocar em uma pequena parte da população. A verdade é que, quando é desenvolvida, até chegar à fase de distribuição e aplicação das doses na população, os ajustes (por exemplo, na concentração, no volume aplicado, nas formas de produção) já foram feitos; as pessoas não irão morrer por tomar a vacina. Nas fases anteriores (1 e 2) existem formas de avaliação seguras para mostrar se a vacina em desenvolvimento pode ser administrada em humanos com segurança. Mesmo assim, não há como prever que essa aplicação ocorrerá sem reações adversas; por isso, na fase 3, há a necessidade de análise de um grupo grande de pessoas (9 mil voluntários, por exemplo) para observar quais serão os efeitos colaterais. Eles existirão e não há motivo para alarde.

A vacina ainda está em processo de ajustes; logo, identificar problemas no seu desenvolvimento é ótimo e irá diminuir problemas quando ela entrar na fase final, que é justamente o momento em que for ofertada à população. Se uma vacina já está à disposição das pessoas é porque houve a confirmação de que ela estimula o sistema imune e apresenta uma baixíssima possibilidade de efeitos adversos. Nossa Agência Nacional de Vigilância Sanitária (cuja responsabilidade e credibilidade eu, profissional da saúde, atesto) não iria causar a atrocidade de não avaliar de forma adequada o que será aplicado no povo brasileiro.

O Brasil tem experiência e um dos melhores programas de vacinação do mundo. Somos referência. Feitos os elogios, temos ainda algumas verdades que espero não gerarem polêmica. Existe, sim, a possibilidade de o produto final (a vacina após a fase 3) não estimular a imunidade como gostaríamos. Existe também a possibilidade de haja a necessidade de uma dose de reforço. Mas qual seria o problema nesse caso? Os custos de produção? Se for necessário e seguro, que seja feita uma dose de reforço. Pode acontecer, também, que pessoas que já tiveram Covid-19 apresentem algum tipo de reação hiperimune, mas não temos essas informações no momento.

Também há uma nova tecnologia sendo empregada no desenvolvimento de vacinas, o uso do RNAm. A “tia do zap” e os conspiracionistas dizem que isso é a possibilidade de uma edição genética, que vão mexer no nosso DNA. De fato, essa tecnologia de edição de genomas existe, mas não é a que está sendo empregada aqui.

Vacinas salvam vidas, sempre salvaram e essa nova salvará a vida dos que estão no grupo de risco. O que não salva vidas é a desinformação, a falta de educação e movimentos estúpidos como os antivacina. Dar o direito de escolher o que tomar sempre e manter a transparência nas informações. Esse ano vai passar e iremos, sim, voltar ao normal, mesmo que o “novo normal” seja com mais higiene, o que não é ruim.

Benisio Ferreira da Silva Filho, mestre em Ciências da Saúde e doutor em Biotecnologia, é coordenador do curso de Biomedicina do Centro Universitário Internacional Uninter.

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