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| Foto: Robson Vilalba/Thapcom

No modelo de gestão do esporte de alto rendimento brasileiro – com exceção do futebol, que é um mundo à parte –, observamos um direcionamento muito complicado. E não é preciso ser um doutor em Sociologia Esportiva para perceber as dificuldades do modelo brasileiro esportivo: temos o Ministério do Esporte, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), as confederações e federações esportivas. Obviamente há uma hierarquia neste processo de administração: o Ministério do Esporte traça diretrizes nacionais e conta com o apoio do COB, cuja missão é atuar no esporte de alto rendimento, liderar a estratégia de desenvolvimento do esporte e de preparação de modalidades olímpicas, com a anuência dos presidentes das confederações, e contribuir com os formadores (clubes, escolas, associações, estados e municípios) para a inserção social por meio do esporte, para a prática da cidadania e na formação de atletas para o alto rendimento. Porém, temos uma nação com mais de 200 milhões de habitantes com um potencial incrível de talentos esportivos e não conseguimos fazer a evolução necessária para o desenvolvimento em massa do esporte.

Todo o processo de emergência do esporte de alto rendimento demanda uma carga alta de recursos financeiros

Todo o processo de emergência e projeção do esporte de alto rendimento demanda uma carga alta de recursos financeiros que, na maioria das vezes, é oriunda de patrocinadores privados. O próprio governo federal e o COB não disponibilizam verba direta para esta finalidade, buscando recursos em leis de incentivo ao esporte e por meios de projetos aprovados para captação de verbas pelas loterias federais. Nesta cadeia hierárquica, as confederações esportivas são os captadores destes recursos para alavancar o esporte de alto rendimento – e a forma encontrada para viabilizar esse financiamento são as empresas estatais (federais ou estaduais) que entram neste processo.

Alguns modelos de gestão de patrocínio de estatais no esporte brasileiro são sinônimos de sucesso. Vejamos o caso do voleibol brasileiro, patrocinado pelo Banco do Brasil: seus resultados são significativos e mostram que esse modelo de administração pode ser viável. Temos outros casos que nos fazem abrir os olhos para a má gestão, mas acredito que são pontos fora da curva e devem ser tratados com o rigor da lei. Em março de 2018, o Ministério do Planejamento apresentou crescimento de 214,1% deste segmento estatal em 2017, na comparação com 2016.

Escolher é renunciar: Dinheiro não é capim (artigo de Ubiratan Iorio , economista, é diretor acadêmico do Instituto Mises Brasil)

O conglomerado formado por Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal, Eletrobrás e Petrobras representa 95% dos ativos do patrimônio líquido dentre as 146 estatais federais. Com este poder de captação, as estatais podem ser fortes promotoras do nosso esporte nacional, por meio do patrocínio destinado às confederações esportivas.

Contudo, os recursos devem ser rigorosamente controlados e pelo menos 40% do valor total do patrocínio deve ser destinado ao esporte de formação e social na confederação de destino. Não conseguiremos ser uma potência esportiva sem uma base esportiva formativa. Há várias questões pendentes na gestão esportiva brasileira, mas essa é outra discussão.

Zair Candido de Oliveira Netto é doutorando em Ciências da Saúde e coordenador do curso de Educação Física da Universidade Positivo (UP).
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