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Aristóteles Onassis, magnata grego que, além de alcançar o posto de homem mais rico do planeta, foi quem manteve tal título por mais tempo, tinha uma característica peculiar que certamente foi crucial no seu êxito como empreendedor: fazia investimentos ousados em momentos de crise. Enquanto a maioria dos investidores se recolhia nos períodos de instabilidade, Onassis continuava expandindo seus empreendimentos.

Estamos passando por uma crise, todos sabem. Os observadores mais atentos já perceberam que o principal combustível dessa crise é a quebra da confiança. Vivemos essencialmente uma crise de confiança. A ironia é que essa crise de falta de credibilidade decorre de excessos de credibilidade (ou credulidade) nos anos recentes. Afinal, até há pouco tempo os capitães do crescimento nacionais (enquanto se consideravam “os caras”) solenemente desprezavam os mais evidentes sinais de alerta.

Construir agora as edificações que serão necessárias assim que o país retomar o crescimento é uma oportunidade valiosa

Nessa linha de pensamento faço algumas indagações. Será que não era evidente aos gestores do setor imobiliário que as praças ficariam saturadas de apartamentos de dois e três dormitórios em decorrência do excesso de lançamentos no momento de euforia? Será que os dirigentes do setor industrial acharam que as artificiais benesses governamentais para inflar o consumo de veículos e linha branca eram soluções perenes? Será que realmente ninguém percebeu que o monstruoso aparato de corrupção implantado em nossas estatais não resultaria em grave crise institucional? Será que os pensadores da nação não se deram conta de que o país não suportaria o intencional desmanche da cultura progressista (fundamentada em trabalho, meritocracia e prosperidade) deflagrada a partir de 2002? É duro, mas temos de admitir que o país deixou de enxergar obviedades. Erros básicos que agora custam caro.

Contudo, faço-me uma pergunta instintiva: e agora, como saímos dessa? Urgentemente precisamos começar a restabelecer a confiança, interromper essa espiral descendente. Como empreendedor no ramo da construção, percebo claramente que cabe aos empresários sérios desse país a iniciativa da retomada da atividade econômica, atitude que requer lucidez e coragem. Cito como exemplo a oportunidade de investimento que agora temos na construção civil e que alguns gestores mais perspicazes (os que possuem visão de longo prazo e não aqueles que só enxergam o seu bônus de fim de ano) já perceberam: trata-se de um excelente momento para construir, se vislumbrarmos um período de tempo um pouco mais amplo. Afinal de contas, construir agora no Brasil as edificações (ativos) que serão naturalmente necessárias assim que o país retomar o crescimento é uma oportunidade valiosa. Em suma, construir agora é como sair às compras no período de liquidação.

Evidentemente sabemos que a dissolução dessa crise não ocorrerá somente em função da mobilização de um determinado setor. Há muito para ser feito em praticamente todos os segmentos da sociedade, mas precisamos arregaçar as mangas e começar. Se não for assim, o que nos resta? Aguardar estímulos estatais? Esperar as próximas eleições? Sonhar com um salvador da pátria?

Agora é o momento de empreender! É chegada a hora de os empresários e investidores mostrarem a que vieram, mostrarem que sabem administrar as oscilações econômicas, que entendem a grandeza do ofício de empreender. O Brasil, agora mais que nunca, precisa de homens e mulheres que continuem construindo nosso país. Onassis, se aqui estivesse, já estaria agindo. Então vamos lá, vamos retomar nosso país: o primeiro a chegar, por gentileza, acenda a luz!

Lincoln Fedato, engenheiro civil, é diretor técnico da Engevita, empresa vencedora do Prêmio Bem Feito Paraná 2015.
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